O líder do Skank, Samuel Rosa, mandou uma carta ao DCM respondendo o artigo de Joaquim de Carvalho sobre seu discurso no Rock in Rio.
“Em nenhum momento pedi votos pra Aécio para nenhum tipo de cargo público e muito menos fiz campanha pra ele em 2014″, diz.
Com a palavra, Samuel:
Caro Joaquim,
Sei que o assunto parece um pouco velho, mas é que me incomoda dar busca em meu nome na internet e me deparar com o título de sua matéria feita no site DCM no dia 18 de setembro último, onde me classifica como “aecista”.
Certo, não gostou da minha fala que você classifica como rasa, mas o que me faz “aecista” sem sequer ter subido com ele num palanque uma única vez? Ter gravado uma espécie de “vídeo abraço” pra ele em meados de 2010 (não 2014), numa grande reunião de artistas, entre eles Ziraldo, Fernanda Takai, Lô Borges, Renato Teixeira, Alceu Valença, que assim como eu, deviam estar ali por de certa forma acreditar nele?
Que mal há nisso? Àquela altura, ele não era candidato a nada, sequer ao Senado. Vinha de um bom governo de Minas e tendo feito várias alianças e abrindo diálogo inclusive com o PT, no intuito de barrar candidatos do PMDB à prefeitura de BH e ao governo do estado. Desnecessário dizer que esse vídeo foi resgatado pra que funcionasse como uma apologia ao candidato nas eleições de 2014, sem minha autorização prévia.
Se isso faz de mim um cabo eleitoral do Aécio e se sua intenção era mesmo situar o leitor acerca de minhas convicções políticas, poderia ter dado ao menos a ficha completa e incluir nela, comícios para a candidatura Lula, Patrus Ananias, Arnaldo Godoy e tantos outros, além claro de defender a continuidade do governo Dilma e de me colocar abertamente contra o impeachment em veículos de grande abrangência como Folha de S.Paulo, Rádio Jovem Pan e CBN.
E por que não o fez? Indo nessa direção, o senhor poderia ter dado ao leitor o direito de tirar suas próprias conclusões. Alguém poderia entender que sou mais Lula do que Aécio, ou mais Dilma do que Lula, e por aí vai. Mas, enfim, ao ler a matéria, o senhor não só tira essa chance, como também induz o leitor a certas conclusões.
Assim sendo, percebe-se ao longo de seu texto que o senhor se mostra descrente em relação às minhas verdadeiras intenções na fala durante apresentação do Skank no RIR, permita-me também desconfiar das suas ao omitir essas relevantes informações a seus leitores.
Engraçado, né, mesmo tendo feito muito mais por esses políticos que citei, ainda assim, o senhor me chama de “aecista”. Enfim, talvez não tenha se lembrado (estranha amnésia), ou talvez sequer teve conhecimento, o que também duvido um pouco.
Em nenhum momento pedi votos pra Aécio a nenhum tipo de cargo público e muito menos fiz campanha pra ele em 2014. Elogiei, sim, em 2010 porque tinha expectativas que ele pudesse vir a ser um nome importante na política brasileira. O senhor como jornalista está mesmo mal informado ao meu respeito.
E por mais que me esforce, não entendo de onde tirou tanta convicção pra afirmar que apoiei Aécio em 2014. Disse que sempre estive fechado com ele? Ou seja, mesmo ignorando parte de minhas inclinações políticas, o senhor quer convencer o leitor que tem conhecimento da minha historia, desde outros carnavais. E já que entramos nela, quero lembrar que ao falar do mensalão em 2013 durante outra edição do mesmo festival, não era minha intenção atacar um partido ou outro e sim demonstrar minha perplexidade com as práticas da nossa política que naquele momento começavam a vir a tona.
Se favoreci tucanos ou petistas, paciência. O tom investigativo do texto parece buscar algo encoberto acerca de minhas escolhas como se pra falar de política precisássemos estar filiado a algum partido? Se estou metendo o pau no Flamengo, não significa que sou Vasco, cheguei a brincar na época, quando me perguntaram se votaria no Aécio, depois de tais declarações.
Enfim, se me falta compreensão da matéria em questão me desculpe, mas até onde alcanço, o senhor adulterou e omitiu fatos, e isso não é próprio de um bom jornalismo que imagino busque praticar. Sentimos ainda mais quando nosso nome está envolvido. Caro Joaquim, acredite você ou não, longe de mim querer ser um sacerdote, sou quando muito um parco saltimbanco, mas de manifestações genuínas.
Desde já agradeço a atenção.
Samuel Rosa