João Couto Neto, cirurgião de Novo Hamburgo (RS), é acusado de ter causado óbito de 20 pessoas após procedimentos cirúrgicos. Ele vem sendo investigado pela Polícia Civil por negligência em intervenções. Segundo o delegado Tarcísio Kaltbach, da 1ª Delegacia de Polícia da cidade, há 73 boletins de ocorrência registrados contra o médico por lesões ou mutilações após cirurgias.
“Tem cirurgias simples, em que a pessoa deveria ter alta no mesmo dia, mas ficava uma, até duas semanas internada.. Não tem lógica, por exemplo, a pessoa fazer cirurgia de hérnia e ter o intestino perfurado”, afirmou o delegado ao GaúchaZH.
O médico deve ser indiciado por homicídio com dolo eventual, quando a pessoa assume o risco. Tarcísio afirma que não há como concluir que o investigado tenha causado danos intencionalmente. Ele citou um caso em que uma pessoa teve que fazer 13 cirurgias de correção após procedimento com Neto. Em outro episódio, uma paciente ficou em estado vegetativo após ser atendida pelo investigado.
O médico fazia dezenas de cirurgias em um turno para ganhar mais dinheiro, de acordo com a investigação. Ele está afastado da função desde 12 de dezembro e sua suspensão vai durar 180 dias. Seu consultório está fechado e o investigado não pode deixar a cidade.
Uma das instituições onde o médico atuava, o Hospital Regina, iniciou uma apuração interna para investigar a atuação do médico. Em nota, o hospital afirmou que está “colaborando com as autoridades na investigação”. O Cremers (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul) disse ter aberto uma sindicância para investigar o caso, que ocorre em sigilo.