Em sabatina, Galípolo diz que Banco Central “não pode virar as costas” para o governo

Atualizado em 8 de outubro de 2024 às 18:09
Gabriel Galípolo, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado para assumir a presidência da instituição em 2024, reafirmou nesta terça-feira (8) que a missão principal do BC é perseguir a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Durante sabatina promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Galípolo ressaltou que, embora a instituição seja uma autoridade monetária autônoma, não pode “virar as costas” para o “poder democraticamente eleito”.

Na audiência, Galípolo deixou claro que, mesmo com a autonomia do Banco Central, ele defende uma relação harmônica com o Executivo. “Se pegarmos a literatura essencial sobre autonomia do BC, os cânones vão dizer que o BC tem autonomia operacional para buscar as metas estabelecidas pelo poder democraticamente eleito”, explicou.

Ele ainda reforçou que, uma vez definidas as metas, cabe ao BC persegui-las, e é isso que deve orientar suas decisões, inclusive em relação à política de juros.

A autonomia do Banco Central tem sido tema de debate nos últimos meses, especialmente após as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao atual presidente do BC, Roberto Campos Neto. Lula, que indicou Galípolo para o cargo, tem questionado a política monetária adotada, particularmente as altas taxas de juros.

Questionado sobre essas críticas, o futuro presidente do banco disse lamentar não ter conseguido contribuir para uma relação mais saudável entre o governo e a autoridade monetária.

“Eu aprendi que, nos debates da vida pública, existem algumas palavras-chave que quase são gatilhos. Você usa uma palavra e, de repente, vai parar em uma arquibancada de torcida e aquilo vira uma coisa acalorada. E autonomia é uma dessas palavras que geram um debate acalorado”, brincou Galípolo durante a sabatina.

Sobre a política de metas de inflação, o indicado por Lula para a presidência do BC reiterou que o órgão segue o arcabouço legal e institucional vigente.

“Hoje nós temos uma meta estabelecida de 3%, e cabe ao BC perseguir essa meta de maneira inequívoca, colocando a taxa de juros em um patamar restritivo pelo tempo que for necessário para atingir essa meta”, afirmou Galípolo, destacando que o Banco Central deve atuar de maneira firme para garantir o controle da inflação.

Galípolo também ressaltou que a independência do BC não significa desconsiderar a orientação política do governo. “De maneira nenhuma, a autonomia deve passar a ideia de que o BC vai virar as costas para o poder democraticamente eleito”, afirmou o economista. Ele reforçou que a autonomia não pode ser confundida com isolamento e que a harmonia entre as instituições é essencial para garantir a estabilidade econômica e o bem-estar da população.

Veja a sabatina completa: 

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