Em sua última Copa, Messi quer conquistar feito que não viveu nem como torcedor

Atualizado em 13 de dezembro de 2022 às 15:41
Lionel Messi, o camisa 10 argentino. Foto: Alberto Pizzoli/AFP

Poucos dias depois de completar sua milésima partida como profissional, Lionel Messi tem, pela última vez em sua carreira, a oportunidade de levar a Argentina para sua sexta final de Copa do Mundo.

“Certamente é minha última Copa e a última oportunidade de conquistar esse grande sonho que temos”, disse o argentino poucos dias antes do início da competição no Catar.

A situação não é inédita para este rosarino nascido em 24 de junho de 1987, pouco menos de um ano depois da conquista do último título argentino em uma Copa do Mundo, ocorrida no México em 29 de junho de 1986 diante da Alemanha.

Em 2014, na edição disputada no Brasil, sua seleção também chegou às semifinais e avançou para a finalíssima, no Maracanã, tendo sido derrotada pela seleção alemã.

O Maracanã é personagem importante da história de Messi. O estádio foi o palco tanto deste, que foi seu mais dolorido fracasso usando a albiceleste quanto do seu primeiro título, conquistado em 2021 na Copa América, em uma final na qual sua seleção venceu o Brasil por 1 a 0.

Messi comandou o título da Copa América de 2021. Créditos: Conmebol/Divulgação

Desde então, ele viria a conquistar mais uma taça, contra a Itália, que apesar de não ter se classificado para o mundial do Catar foi a vencedora da última Eurocopa e disputou uma taça intercontinental com os atuais campeões sul-americanos.

Se a história de títulos de Lionel é pequena com o escrete nacional, a vida do jogador é recheada de conquistas, dentro e fora do campo.

Diagnosticado aos 8 anos com um problema hormonal que o impedia de crescer, viu o clube pelo qual atuava nas categorias de base, o Newell’s Old Boys, recusar-se a pagar o tratamento. Quem dispôs-se a custear as injeções, que custavam cerca de 10 mil pesos argentinos por mês, foram os catalães do Barcelona. Sua habilidade já chamava a atenção dos olheiros espanhóis que achavam que valia a pena investir no desenvolvimento do garoto.

Messi, ainda criança em Rosario, jogando bola com a camisa do Newell’s Old Boys. Foto: Reprodução

Com o devido acompanhamento médico, o menino cresceu 30 centímetros e o Barcelona podia então usufruir de seu talento por 18 anos, ao longo dos quais conquistou incríveis 35 títulos: são 10 títulos do Campeonato Espanhol, oito da Supercopa da Espanha, sete da Copa do Rei, quatro continentais, três da Supercopa Europeia e três do Mundial de Clubes.

Seu sucesso esportivo traduz-se também no campo financeiro: recente lista da revista Forbes coloca o jogador como o atleta mais bem pago do mundo, com faturamento anual estimado em US$ 130 milhões.

Em 2021, Messi transferiu-se para o Paris Saint-Germain, time no qual faz trio com Mbappé e Neymar. Apesar da enorme concentração de talento individual contida na equipe, o clube ainda não conquistou seu maior objetivo, a Champions League.

Messi, Neymar e Mbappé saudando a torcida do Paris Saint-Germain. Foto: Matthias Hangst/Getty Images

Na semifinal que disputará às 16 horas desta terça-feira (13), decidirá contra o time de Modric e companhia se terá o direito de jogar mais uma final de Copa do Mundo. No Catar, aliás, Messi não vem se furtando da responsabilidade de ser o dono do time. Com 4 gols, 2 assistências (passes cuja finalização foi convertida em gol), 16 chances criadas e 12 arremates, seus números o credenciam para ser o principal jogador do evento.

Além das atuações em campo, sua postura neste Mundial tem sido diferente também fora dele. Normalmente avesso a polêmicas e a discussões, Messi não se furtou a reclamar da provocação que sofreu do técnico holandês Van Gaal antes do jogo válido pelas quartas de final entre as duas equipes.

O holandês tinha dito que “na semifinal de 2014, Messi não tocou na bola e perdemos nos pênaltis. Agora queremos nossa revanche. Ele nem sempre está muito envolvido quando o adversário tem a posse de bola”.

“Não gosto que alguém fique falando antes dos jogos” respondeu Messi. “Isso não é parte do futebol. Eu sempre respeito todo mundo, mas gosto que me respeitem, também. Van Gaal foi desrespeitoso com a gente.”

Messi comemora gol contra a Holanda, após críticas do técnico Van Gaal. Foto: Franck Fiffe

Apesar da tentação, não há como comparar Pelé, Maradona e Messi. O primeiro ganhou uma Copa do Mundo aos 17 anos, enquanto Messi levou 15 anos para ganhar o primeiro título com sua seleção, uma Copa América, desde sua estreia, em agosto de 2005.

Diego, pelo que fez contra a Inglaterra em 1986, é mais do que um jogador de futebol: é um herói de guerra argentino, que sozinho combateu os súditos da rainha e vingou-se da humilhante derrota de seu país na Guerra da Malvinas.

Essa comparação não faz de Messi menor que os dois primeiros: para os catalães, aliás, que tiveram uma experiência ruim quando contrataram Maradona nos anos 80, o camisa 10 da Argentina é certamente melhor e mais importante que “D10s”.

Veja alguns dos melhores momentos de Messi com a camisa de sua seleção:

https://www.youtube.com/watch?v=xqLtCuShwBA