Em terceiro lugar na audiência, Vídeo Show da TV Globo “respira por aparelhos”

Atualizado em 24 de outubro de 2018 às 11:29

André Santana no Observatório da TV informa que, na semana passada, o Vídeo Show deu mais sinais de que respira por aparelhos. O vespertino da Globo ficou atrás do SBT e da RecordTV por três dias seguidos, segundo o Kantar Ibope. Figurar na terceira colocação no ranking da audiência já começa a se tornar uma constante na vida do programa. E o problema não é somente a concorrência: é o programa em si.

Nenhum dos programas que vence o Vídeo Show atualmente é um achado. Pelo contrário. Sendo assim, é evidente que a queda de audiência não tem a ver apenas com a concorrência, mas também com o próprio Vídeo Show. Isso porque, apesar das inúmeras mudanças pelas quais o vespertino passou, quase nenhuma delas foi verdadeiramente efetiva. Mudou cenário, apresentador e repórter, mas o programa não mudou. E, nestes tempos de mudanças sociais e tecnológicas evidentes, Vídeo Show se tornou antiquado. Tem cara e jeito de coisa velha.

Ou seja, falta ousadia da direção do programa para implantar uma mudança radical no Vídeo Show. O ideal seria fazer do Vídeo Show um novo programa. Como foi feito em 2013, quando Ricardo Waddington implantou uma mudança radical, transformando o Vídeo Show num talk show apresentado por Zeca Camargo. Não foi um sucesso, afinal, o novo formato apresentou problemas estruturais sérios. Mas, ao menos, foi uma tentativa de renovação ousada. E, neste momento, é preciso pensar “fora da casinha”.

A ideia do Vídeo Show com Zeca Camargo era muito boa. Zeca, com todo o repertório cultural que carrega, seria um excelente comandante de talk show. No entanto, a fórmula foi mal explorada. O apresentador recebia convidados, mas perdia tempo promovendo jogos com eles, em vez de se dedicar ao bate-papo. Ou seja, faltou um ajuste de roteiro no sentido de aproveitar o convidado e explorar pautas mais interessantes.

Além disso, Zeca Camargo foi mal dirigido. Ele aparecia extremamente afobado em cena, dificultando o entendimento de quem estava em casa. O que é uma pena, já que Zeca tinha muito potencial. Bastava lembrar dos seus tempos de MTV, suas boas matérias para o Fantástico, ou sua excelente performance à frente do No Limite. Para piorar, as reportagens do Vídeo Show não dialogavam com o que acontecia no palco. O programa ficou confuso.

Mas, mesmo tendo sido malsucedido, o formato testado em 2013 deveria ser considerado. Não na forma como foi feito, mas usando a coragem de mudar como inspiração para tentar uma nova mudança que vá além da cosmética. Não se pode dizer que o formato tentado por Waddington não foi uma válida experiência de fazer do Vídeo Show um programa diferente. Aliás, arrisco dizer que o formato poderia ter sido azeitado, em vez de simplesmente abandonado depois de tão pouco tempo no ar.