Feliz Páscoa a todos.
“Eli, Eli, lama sabactani?” – meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?
À primeira vista, essas palavras de Jesus em seus últimos momentos na cruz são um brado de fraqueza e dúvida em meio à dor.
E nosso interesse pelo assunto costuma parar por aí. O ponto é que, apenas quando se vai além, o incrível se revela.
Jesus, a quem quase sempre projetamos dentro de nossas limitações, estava na verdade recitando um salmo, o 22. Escritos por Davi, quase mil anos antes daquela crucificação, os salmos eram canções, as quais o povo hebreu entoava desde então.
Quer dizer que Jesus estava cantando em meio ao sofrimento da cruz? Não. Ele vinha cantando desde a última ceia, horas antes de o calvário ter início.
Traído, torturado, humilhado, crucificado, Jesus simplesmente cantou. E fez isso até que seu corpo físico não resistisse mais aos ferimentos, quando então entregou a Deus o seu espírito.
A ideia de cantarolar em meio ao sofrimento soa absurda porque insistimos em medir o pensamento do Mestre com a nossa régua, em nadar na superfície dos seus ensinamentos.
Um ligeiro mergulho em suas palavras é o bastante para nos encontrarmos, mais do que perplexos, renovados.
Décadas depois, na cidade de Tessalônica, na Grécia, Paulo ensinaria que
“em tudo, alegrai-vos”. Seria por acaso?
Boa Páscoa a todos.