Embaixada da Venezuela busca Planalto após críticas de Lula e Itamaraty

Atualizado em 29 de março de 2024 às 18:34
Presidente Lula dando um discurso. Foto: Divulgação

O governo brasileiro planeja uma reunião nos próximos dias com o embaixador da Venezuela no Brasil, Manuel Vadell, para discutir sobre as eleições venezuelanas que estão agendadas para 28 de julho. A expectativa é que o encontro, ainda sem data definida, ocorra entre o embaixador e o assessor especial da presidência da República, Celso Amorim.

A embaixada da Venezuela entrou em contato com o Palácio do Planalto na quarta-feira (27) para manifestar o interesse em uma reunião. O contato foi reportado pela coluna de Lauro Jardim, no “Jornal O Globo”, e confirmado pela TV Globo e GloboNews.

No mesmo dia, o governo brasileiro emitiu uma nota expressando “preocupação” com a impossibilidade do registro da candidatura de Corina Yoris, principal nome da oposição ao regime do presidente Nicolás Maduro. Essa situação também gerou reações de outras nações.

Nesta quinta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aliado histórico de Maduro, classificou a situação no país como “grave”. “Não foi proibida pela Justiça. Parece que ela se dirigiu ao local e tentou usar o computador, mas não conseguiu entrar. Então foi algo que prejudicou uma candidata”, disse o presidente Lula.

Lula e Nicolás Maduro. Foto: Divulgação

Diplomatas do Itamaraty acreditam que o objetivo da diplomacia venezuelana seja “tentar acalmar as coisas”, especialmente após o governo de Nicolás Maduro publicar uma nota na terça-feira (26) criticando o posicionamento brasileiro sobre as eleições venezuelanas.

“É uma posição para acalmar os ânimos, já que a primeira tentativa, boba, de atacar o Itamaraty e poupar o presidente Lula, caiu por terra ontem”, disse um diplomata à reportagem.

As eleições venezuelanas estão envoltas em questionamentos e denúncias de perseguição contra opositores do regime atual. O presidente Nicolás Maduro, que está no poder há 11 anos, busca mais um mandato. Após o prazo de inscrição de candidatos, a coalizão Plataforma Unitária Democrática, composta por dez partidos de oposição, afirmou não ter conseguido registrar o nome de Corina Yoris.

Ela foi escolhida porque a candidata inicial, María Corina Machado, foi inabilitada pela Suprema Corte venezuelana, alinhada a Maduro. Diante disso, a oposição deve apoiar o nome de Manuel Rosales, que conseguiu se inscrever no processo eleitoral de última hora.