O embaixador brasileiro na Palestina, Alessandro Candeas, destacou nesta quarta-feira (11) os desafios encontrados nas negociações com o Egito para a evacuação de cidadãos brasileiros presentes na Faixa de Gaza. A região tem sido constantemente bombardeada por Israel desde o último final de semana, em resposta aos ataques do grupo terrorista Hamas em território israelense.
Segundo o embaixador, um total de 28 brasileiros em Gaza solicitaram assistência para retornar ao Brasil. Na terça-feira (10), esse número era de 30, mas dois indivíduos desistiram. Dentro desse grupo, há 15 crianças.
O plano do governo é guiar os brasileiros para fora de Gaza por meio da fronteira com o Egito, seguindo um trajeto que culminaria na capital, Cairo, onde uma aeronave aguardaria para transportar os passageiros de volta ao Brasil.
No entanto, Candeas apontou que o Egito está impondo obstáculos por temor de que os brasileiros se tornem refugiados em seu território. “Provavelmente, essa é a dificuldade que eles [Egito] estão oferecendo, apresentando, para não responder ao nosso pedido de passagem”, declarou o embaixador.
Ele enfatizou que o objetivo é simplesmente permitir a passagem dos brasileiros pelo território egípcio, sem a intenção de transformá-los em imigrantes ou refugiados. “Só que uma coisa é passagem. Os nossos brasileiros não vão se transformar em imigrantes, nem refugiados. Nós vamos passar com eles pela fronteira, levar um avião. O avião vai resgatá-los e vai tirar do Egito. Então, não. Essa preocupação deles [Egito] não procede”, acrescentou.
O plano do governo consiste em escoltar os brasileiros em ônibus identificados com a bandeira do Brasil para garantir a segurança durante a travessia do Egito. Enquanto aguardam a evacuação de Gaza, o governo procura fornecer alguma proteção aos brasileiros na região.
Candeas revelou que a representação brasileira em Ramala pretende abrigar os cidadãos em uma igreja e comunicar a Israel sobre a localização, a fim de evitar ataques: “Estamos tentando agrupá-los numa igreja. Avisaremos a Israel para não bombardear”.
Além disso, está sendo planejado o fornecimento de suprimentos essenciais para a igreja. A situação torna-se ainda mais urgente devido à falta de energia elétrica na região de Gaza, colocando em risco o esgotamento das baterias dos celulares dos brasileiros.
Questionado sobre esse aspecto, o embaixador mencionou que alguns brasileiros conseguem economizar a carga de suas baterias e ainda podem ser contactados por telefone celular.