A empresa de intermediação de contratos de publicidade de Arthur Lira Filho, herdeiro do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), funciona em uma sala comercial localizada na região central de Brasília. O dono do imóvel é um lobista que atua na capital federal.
A Omnia360º está sediada em uma sala de pouco mais de 27 metros quadrados, que fica em um prédio comercial no Setor Hoteleiro Norte. Os proprietários, de acordo com os registros de cartório, são Luiz Henrique Maia Bezerra e a mulher dele, Fernanda Gonçalves Bezerra.
Ele é um lobista conhecido em Brasília. Nos últimos anos, defendeu interesses da indústria automobilística junto ao Congresso Nacional e ao governo, no posto de vice-presidente da Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
Antes disso, era ligado à CNI, a Confederação Nacional da Indústria, e à Fiesp, a Federação das Indústrias de São Paulo. Segundo o Metrópoles, na Operação Castelo de Areia, na qual a Polícia Federal mirou pagamentos da empreiteira Camargo Corrêa a políticos, o nome dele apareceu nas investigações como intermediário de doações eleitorais supostamente ilegais.
Maia Bezerra é filho de Valmir Campelo, que até 2014 foi ministro do TCU (Tribunal de Contas da União). Em 2020, ele era presidente da Abrig, a Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais, entidade que representa o mercado do lobby.
Procurado, o lobista negou proximidade com Arthur Lira e sua família. Ele ainda disse que não tinha conhecimento de quem era o inquilino de sua sala comercial, apesar de ter um escritório de advocacia no mesmo prédio.
De acordo com ele, a sala foi alugada há três anos por Malu Cavalcante, sócia de Arthurzinho Lira, e que em 2022 ela transferiu o contrato para o nome da Omnia360º. Segundo Maia Bezerra, o aluguel mensal do local é de pouco mais de R$ 1.300.
“(É uma) salinha pequena, que normalmente é aquela sala padrão que seria, vamos supor assim, um consultório, que você faz um gabinetezinho, uma recepção com a secretária e o banheiro. Normalmente é isso. E está alugada para ela (Malu) desde outubro de 2020. Eu nem sabia quem era essa pessoa”, afirmou.
Já Malu Cavalcante disse que a sala foi alugada por meio de uma imobiliária e que não tem conhecimento de quem são os proprietários.
Três firmas representadas pela Omnia360º receberam R$ 34 milhões do governo federal nos últimos dois anos do mandato de Jair Bolsonaro (PL), do qual Arthur Lira era aliado de primeira hora.
Já Maria Luiza Cavalcante é filha de Luciano Cavalcante, espécie de faz-tudo de Arthur Lira e que é alvo de uma investigação da Polícia Federal sobre desvios de recursos do FNDE, o fundo do Ministério da Educação que esteve nas mãos de apadrinhados do PP, sigla do presidente da Câmara.