Empresário que banca candidatura de Jair Renan Bolsonaro defende Hitler, Pinochet e ditadura militar

Atualizado em 28 de junho de 2023 às 21:51
Emílio Dalçóquio Neto em encontro na semana passada com Jair Renan Bolsonaro. Na pauta, a candidatura do “04” nas eleições de 2024 (crédito: Diarinho)

Jair Renan Bolsonaro, o filho “04” de Jair Bolsonaro (PL-RJ), jantou na semana passada com o empresário catarinense Emílio Dalçóquio Neto. No evento, conforme noticiado pela imprensa local e pelo DCM, o empresário convidou o filho do ex-presidente para concorrer como vice-prefeito de Itajaí (SC), em chapa encabeçada por Dalçóquio, nas eleições de 2024. Desde janeiro deste ano, Jair Renan mora em Balneário Camboriú, vizinha a Itajaí, e trabalha como assessor no gabinete do senador catarinense Jorge Seif (PL).

Dalçóquio, patrocinador da carreira política do “04”, é conhecido líder da extrema direita catarinense e apoiador e amigo de longa data de Jair Bolsonaro.

Ao longo das eleições de 2022 e imediatamente após a contagem dos votos, ele defendeu abertamente e em mais de uma oportunidade que as Forças Armadas lançassem mão de um golpe militar. Em novembro do ano passado, ficou conhecido nacionalmente após a divulgação de um vídeo em que defendia que os eleitores de Bolsonaro se insuflassem contra o resultado das eleições. Veja abaixo.

Este não é o único pronunciamento criminoso que Dalçóquio coleciona em sua vida. Na lista de impropérios consta ainda a defesa de Adolph Hitler e Augusto Pinochet. Consta ainda ataques homofóbicos (“A Parada Gay é uma depravação total”), ataques à população de Itajaí e aos brasileiros e a defesa do fim da democracia no Brasil.

“Hitler estava defendendo a Alemanha dele”

Há um ano, Dalçóquio participou de uma um programa de entrevistas em um canal do Youtube. Na ocasião, ele disse que não era nazista, mas sim “realista”. Ele disse:

“Na 2ª Guerra Mundial, por que o pessoal queria derrotar a Alemanha? Porque os melhores são os alemães! O melhor produto do mundo é o que o alemão faz. Temos que rever a história.

(…) Não sou nazista, sou realista, o melhor produto do mundo é o que o alemão faz. Mesmo com essa mudança toda, que a Alemanha já não é mais aquela Alemanha toda que nós vimos. Porque Hitler já avisava: “Olha a União Soviética, olha a União Soviética!”. E está acontecendo tudo aquilo que ele falou. Hitler estava defendendo a Alemanha dele!”

Assista ao vídeo abaixo, em que o empresário ainda diz que “mulher que fala de machismo é tudo mal amada”.

 

“Viva Pinochet. Ele matou quem tinha que matar”

Há quatro anos, Dalçóquio invadiu uma reunião do sindicato dos professores de Santa Catarina para pregar o “fim do ensino do comunismo nas nossas escolas e faculdades”. Na ocasião, ele ofendeu os docentes e defendeu aos berros que Augusto Pinochet, ex-ditador chileno que tem em suas costas mais de 3.000 assassinatos de opositores a seu regime, “matou todo mundo que tinha que matar”. Na mesma ocasião, ele também defendeu o genocídio da população indígena que vivia na América Latina durante o período colonial. Veja abaixo.

“O brasileiro é desleixado, Itajaí é terra de maconheiro e o Brasil precisa de regime militar”

Em 2015, em entrevista concedida à jornalista Franciele Marcon, do Diarinho (maior jornal de Itajaí), Dalçóquio colecionou uma série de declarações polêmicas, para dizer o mínimo. Na ocasião, ele disse que sua empresa estava devendo R$ 500 milhões em impostos não pagos por culpa do governo federal e da então presidenta, Dilma Rousseff (PT). Leia alguns trechos abaixo ou clique aqui para acessar a íntegra da entrevista.

Diarinho: Nos últimos anos, a Dalçóquio acumulou dívidas que chegam em 500 milhões de reais, só em impostos atrasados. O que houve com a administração da empresa?

Dalçóquio:  O governo atual trata o empresário como bandido e o bandido como empresário. (…) O que ocorre é que de um tempo para cá a velocidade em que os impostos são cobrados e os juros em cima deles, fica praticamente impossível pagar.

(…)

Dalçóquio: Eu me identifico com a farda. Eu fui da polícia do Exército de Brasília. Eu fui dispensado de Itajaí, Blumenau, Curitiba e Brasília porque eu era de Itajaí, e Itajaí é terra de maconheiro. Mesmo assim eu fui, servi e no meio de 1200 homens, fui o único que tirou duas vezes honra ao mérito. Eu sou apaixonado pelo mundo militar, porque lá existe ordem e a sequência da ordem é o progresso.

(…)

Dalçóquio:  Aqui no Brasil tem que ser regime militar. Eu sou a favor do regime militar porque o brasileiro é desleixado. Para entender o que eu estou falando tem que entender de história. Os trabalhadores sabem o que estou falando. Eu não estou ofendendo os trabalhadores. A massa brasileira é desleixada, e se não tiver um regime que a norteie, vira o que estamos vivendo agora. Alunos dando tapa em professor. Uma inversão de valores brutal, onde a família não vale mais nada, onde o pai e a mãe não podem exigir mais nada do filho, o caos.

(…)

Diarinho: O regime militar torturou, matou e destruiu muitas famílias. O senhor é a favor dele?

Dalçóquio: Morreu quem tinha que morrer. Quem trabalhava, estudava, quem tinha o que fazer, não morreu. 

Emílio Dalçóquio é apoiador de longa data de Jair Bolsonaro (crédito: reprodução)