Empresários de Santa Catarina estão doando passagens para pessoas interessadas em ir a Brasília para a manifestação marcada para o próximo dia 15, contrária ao resultado das eleições presidenciais de outubro deste ano.

O DCM teve acesso a mensagens trocadas em grupos de WhatsApp em que as viagens são organizadas, nos municípios de Itapema, Itajaí, Blumenau e outros do litoral norte catarinense e da região do Vale do Itajaí.

Em Itapema, as pessoas são orientadas a buscar as passagens em um posto da Defesa Civil, órgão público municipal. O DCM procurou a prefeitura da cidade e perguntou se de fato o município está participando da distribuição dessas passagens, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Se houver, será incluída nesta página. Uma coisa, porém, é fato: a Defesa Civil, em Itapema, fica mesmo ali do lado da Rodoviária.

Já no município de Itajaí, a entrega dos bilhetes é feita em um carro de som estacionado em frente a uma instalação da Marinha do Brasil, onde manifestantes se encontram em “manifestação permanente” desde a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.

Veja, abaixo, algumas das mensagens trocadas nos grupos dos manifestantes.

Os nomes dos patrocinadores da caravana golpista não são revelados nos grupos, mas é um segredo de polichinelo na região. Quem está à frente do movimento golpista em Itajaí e arredores é o empresário de transportes Emílio Dalçoquio Neto, aliado do atual presidente.

Ele é apontado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) como um dos líderes dos atos ilegais que fecharam rodovias em Santa Catarina após a vitória de Lula (PT) nas eleições. Seu nome consta em um documento enviado pela corporação ao Supremo Tribunal Federal (STF), apontado como líder e financiador dos atos golpistas.

Conforme mostrou o jornal Diário Catarinense, o empresário é investigado por suspeita de locaute na greve dos caminhoneiros em 2018. Dalçoquio foi gravado, agora por conta dos bloqueios, discursando para um grupo de bolsonaristas em 30 de outubro, no mesmo dia em que tiveram início as interdições. Na fala, ela pedia que para que as palavras fossem compartilhadas em grupos de aplicativos de conversa, ao convocar bloqueios “inicialmente pacíficos”.

— O que eu disse aqui tem que reverberar pelo país inteiro, como nós temos aqui 380 grupos, do Rio Grande do Norte, Belém a Uruguaiana — afirmou na ocasião.