Endrick é, sem sombra de dúvidas, o maior prospecto de craque do futebol brasileiro desde Neymar. O atacante do Palmeiras, que vai para o Real Madrid no meio do ano, é um fenômeno desde as categorias de base (e posso falar que vi algumas exibições espetaculares dele nesse período).
Mas, com 17 anos, ele tem muitas coisas a aprender e ajustar para ter uma carreira, dentro e fora de campo, prolífica.
Fora de campo, um exemplo bem claro vem de sua relação afetiva. A diferença de quatro anos entre ele e sua atual namorada, a modelo Gabriely Miranda, parece pouca em efeitos práticos.
Mas isso tudo se intensifica quando olhamos a questão racial da coisa. Gabrielly é uma jovem com todos os padrões de beleza impostos pela sociedade. Branca, magra, loira, modelo, linda. Esse estereótipo acaba atraindo homens negros que buscam ter alguma aceitação ou algo do gênero.
Não são raros os casos no Brasil de homens de nossa cor em posições de ascensão social (jogadores de futebol, músicos e por aí vai), que, ao começarem a ganhar dinheiro, andam com uma mulher branca para cima e para baixo imediatamente. Caras negros sem dinheiro também acabam querendo entrar nessa neura de aceitação.
Falo isso por experiência pessoal. Me relacionei com mulheres brancas em minha vida. E obviamente não tenho a condição financeira de um jogador de futebol de elite. É meio inconsciente, eu diria. E dentro desse contexto, você acaba não ouvindo conselhos importantes e não entendendo sinais que podem te afetar no futuro.
No caso de Endrick, sua mãe, Cíntia, já demonstrou não gostar de Gabriely. A situação ficou escancarada na entrevista do jogador no programa ‘Conversa com Bial’, da Globo, em que ela deixou claro que não aprovava a ideia de os dois morarem juntos na Espanha.
A mãe não aprova outras atitudes, como um “contrato de namoro” redigido por Gabriely e assinado por Endrick. E quando digo contrato, é contrato mesmo. Com cláusulas e tudo mais. A primeira diz que o casal está em um “relacionamento afetivo voluntário”, baseado em “respeito, compreensão e carinho”; a segunda proíbe qualquer tipo de vício e “mudança drástica de comportamento”; a terceira prega que há obrigação de dizer “eu te amo” em qualquer situação; palavras como “hum”, “aham”, “tá”, “beleza” e “kkk” (quatro K’s pode, mas três não) também não são aceitas.
Em entrevista ao influenciador Casimiro Miguel, Endrick contou que sua namorada não “deixa” que faça tranças no cabelo, uma identificação completamente afro. Ela diz que gosta do cabelo dele como está, segundo ele, “bagunçado” (seu cabelo hoje é alisado).
E o Endrick que não faz tranças no cabelo pq a namorada não aprova… pic.twitter.com/2k0HlQ3ItW
— Branca Retinta| bebaágua?? (@aanonnyma) May 26, 2024
Lembra até o filme ‘Corra’ (2017), de Jordan Peele, em que um rapaz negro, que namorava uma garota branca, recebia diversos recados de que não deveria se meter com a família dela, mas mesmo assim não ouviu. O resultado é um terror.
Obviamente, Endrick é um menino de 17 anos que ainda vai aprender muito na vida. Chegará em outro ambiente, onde será relevante, claro, porém muito menos paparicado que aqui no Brasil. O pessoal que o assessora e cuida de sua imagem está errando feio. E seu relacionamento afetivo deixa isso claro. Qualquer homem negro reconhece essa fria.