A Cúpula do Futuro da ONU, realizada neste domingo em Nova York, buscou estabelecer um novo compromisso global em torno do clima, direitos humanos e desenvolvimento social. Após quatro anos de negociações, foi aprovado o Pacto do Futuro, um documento que traça um mapa para os objetivos da comunidade internacional na próxima década. No entanto, a esperança de um consenso foi abruptamente interrompida pela delegação russa, que apresentou novas exigências e ameaçou bloquear o acordo, destacando a polarização geopolítica atual.
Embora o pacto tenha sido aprovado, a manobra russa enfraqueceu sua legitimidade e revelou a divisão entre os países. O acordo inclui propostas para reformar o Conselho de Segurança da ONU, revisar organismos financeiros e regular plataformas digitais, mas muitos diplomatas afirmam que o texto foi amplamente diluído durante as negociações. A ausência dos líderes das cinco potências permanentes do Conselho de Segurança enviou um sinal claro de que o pacto não possuía o peso desejado.
Durante a cúpula, a delegação russa criticou o pacto por supostamente não representar um verdadeiro multilateralismo e acusou o Ocidente de manipular as negociações para favorecer seus interesses. Moscou buscou garantias de que a ONU não interferiria em assuntos internos dos Estados, refletindo sua postura obstinada em questões de desarmamento e reformas. A situação se intensificou quando a Rússia ameaçou votar uma emenda, forçando outros países a se posicionarem.
Diante do impasse, países africanos, como o Congo, e latino-americanos, como o México, defenderam a manutenção do pacto e pediram que não houvesse votação da emenda russa. A união dessas nações ilustrou uma resistência a divisões e a necessidade de um multilateralismo funcional. A votação final resultou na aprovação do pacto, mas apenas após um intenso debate que evidenciou a falta de consenso.
O resultado da cúpula, embora celebrando a adoção do Pacto do Futuro, não conseguiu apagar as fissuras entre as principais potências. António Guterres, secretário-geral da ONU, expressou preocupação ao afirmar que o multilateralismo ainda enfrenta desafios significativos. As informações são de Jamil Chade.