Entenda como funcionava o esquema de fraudes bancárias que fez Marçal ser preso

Atualizado em 2 de setembro de 2024 às 19:15
Pablo Marçal. Foto: Reprodução

Áudios divulgados no domingo (1º) mostram a participação de Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, em um esquema de fraudes bancárias que resultou em sua prisão em 2005, aos 18 anos.

O UOL teve acesso a grampos telefônicos de investigação da Polícia Federal (PF). Os áudios foram retirados do processo na 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia.

O esquema envolvia o envio de e-mails com avisos falsos sobre irregularidades no CPF, na declaração de Imposto de Renda ou inadimplência, para enganar vítimas e obter suas senhas bancárias.

Em um dos áudios, o novo queridinho da extrema-direita conversa com o líder da quadrilha, Danilo Oliveira, pastor da igreja frequentada pelo empresário. De acordo com as investigações, o ex-coach era responsável por capturar os e-mails que seriam usados pelos golpistas.

“Tô capturando aqui, chefe. Negócio tá bom. Negócio aqui em casa tá bom. Capturei hoje o dia inteiro”, disse Marçal na gravação.

O líder do grupo criticou seu trabalho, afirmando que ele tinha que “prestar mais atenção” nas listas de e-mails que ele preparava. “Você vê, aquela lista que você fez, com o JC (software) aqui em casa, muito ruim. A minha que eu fiz, muito boa, tudo bom, quase tudo bom, entendeu? Tem que prestar atenção nisso aí, ver como que tá fazendo. O que é e tal. O segredo é olhar os webmail direitinho”, disparou Danilo.

Além disso, Pablo foi flagrado pedindo dinheiro a Danilo, cerca de “quarenta conto”.

Em outra conversa interceptada, o candidato à Prefeitura de São Paulo é repreendido pelo pai por seu envolvimento com “hackers”. “Já saiu?”, insiste o pai. “Eu não quero nunca que você mexa com aquele troço. […] Honra teu pai e tua mãe.”

Os grampos também mostram a preocupação do candidato do PRTB com as investigações em Goiás.

Durante o depoimento à PF, ele confessou sua participação na quadrilha, detalhando como funcionavam as fraudes. “Danilo disse que ‘Paco’ (integrante da quadrilha) inicialmente iria subtrair e-mails de certos hackers para repassá-los a Danilo e também iria fazer programas invasores (SPAM), que simulariam páginas de instituições bancárias para com isso capturar os dados dos correntistas”, afirmou.

Marçal admitiu que operava um programa para capturar e-mails usados em tentativas de fraude. Inicialmente, p ex-coach afirmou que sua função era apenas a manutenção dos computadores da quadrilha, mas contradições em seus depoimentos e a confirmação de Danilo sobre seu envolvimento levaram à sua condenação.

Preso em casa em agosto de 2005, o atual candidato do PRTB colaborou com a Polícia Federal, fornecendo informações sobre o esquema e entregando membros da quadrilha. Ele foi solto dois dias depois, mas foi denunciado por furto qualificado, associação criminosa e quebra de sigilo indevido de instituições financeiras.

O picareta foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão em primeira instância em 2010, mas não chegou a cumprir a sentença. Em fevereiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) reconheceu a prescrição da pena ao meliante devido à sua idade na época do crime.

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