As ilhas do Oceano Pacífico, conhecidas por suas paisagens paradisíacas, enfrentam um grave risco devido ao avanço do mar, uma consequência das mudanças climáticas. Nesta terça-feira (27), a ONU classificou a situação como uma “catástrofe mundial”, e especialistas alertam que o que está ocorrendo nessas ilhas pode servir como um prenúncio do que pode acontecer com o resto do planeta.
O avanço do nível do mar está ameaçando ilhas como Maldivas, Tuvalu, Ilhas Marshall, Nauru e Kiribati, que apesar de contribuírem com apenas 0,02% das emissões globais de CO2, são duramente afetadas pelas emissões de outras regiões. O excesso de gases de efeito estufa, provenientes da queima de combustíveis fósseis, está elevando as temperaturas globais e, consequentemente, o nível do mar.
O relatório da ONU revela que, em algumas partes do Pacífico, o nível do mar subiu cerca de 15 centímetros, quase o dobro da taxa global desde 1993. Isso é particularmente preocupante considerando que cerca de 90% da população das ilhas vive a apenas 5 quilômetros da costa e metade da infraestrutura está a 500 metros do mar.
Os efeitos já são evidentes: no último ano, mais de 200 pessoas morreram e 25 milhões foram afetadas por chuvas e tempestades no Pacífico, conforme relatado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Especialistas em desastres naturais, como Pedro Camarinha, explicam que as ilhas enfrentarão um aumento na frequência e intensidade de desastres climáticos, como tempestades e ressacas. O que ocorre no Pacífico é um alerta para o futuro das comunidades costeiras em todo o mundo. A ONU estima que cerca de um bilhão de pessoas vive em áreas costeiras que podem enfrentar riscos semelhantes.
No Brasil, o avanço do mar já é visível: na Paraíba, o mar avançou quase dez metros em 40 anos. Em Florianópolis, a necessidade de investir milhões para expandir a faixa de areia reflete a crescente preocupação com o avanço do nível do mar.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que a ameaça é global e que a única maneira de evitar um cenário catastrófico é reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O Brasil, o sexto maior emissor de gases de efeito estufa, comprometeu-se a reduzir suas emissões em pouco mais de 50% até 2050. No entanto, especialistas alertam que mesmo com a redução total das emissões, o nível dos oceanos ainda levaria mais de 200 anos para retornar ao seu volume natural.