Entenda por que o MDB se transformou na tábua de salvação para os progressistas no Paraná

Atualizado em 30 de julho de 2018 às 9:23
Requião e Osmar articulam coligação

O MDB se transformou na tábua de salvação para os progressistas do Paraná. Para quem não conhece a política no Brasil, poderia parecer estranho. Mas não. O MDB paranaense não tem nada a ver com o de Michel Temer, atual ocupante do Palácio do Planalto. É controlado pelo senador Roberto Requião, que desde o impeachment de Dilma Rousseff se transformou num dos quadros de referência da resistência democrática.

O partido de Requião ainda não decidiu se terá ou não candidato a governador e, por isso, o suspense. É que, de um lado, está a continuidade do governo de Beto Richa, seja através do líder da pesquisa, Ratinho Júnior, deputado estadual da base de Richa, ou da governadora Cida Borghetti, que foi vice de Beto Richa, que deixou o governo para tentar o Senado.

Osmar Dias, do PDT, está bem colocado na pesquisa, mas ele desperta alguma desconfiança no campo progressista, pois o PDT apoiou Richa em algumas votações e é irmão de Álvaro Dias, o candidato da Lava Jato. Politicamente, ele e Álvaro não estão alinhados na política, embora tenham um pacto familiar: um não atrapalha o outro.

O MDB tem diante de si dois caminhos: lança candidato próprio, e um nome já se apresentou, o deputado federal João Arruda, sobrinho de Requião, ou coliga com Osmar Dias. Separados, PDT e PMDB podem dar a vitória a Ratinho Júnior. Juntos, têm chance de grandes chances de ganhar a eleição — o MDB é o partido com mais tempo na televisão e mais estruturado no Estado, através de lideranças locais.

Doutor Rosinha, do PT, foi confirmado sábado como candidato a governador. Ele já foi deputado federal por quatro mandatos consecutivos e é considerado de extrema lealdade. Mas não tem o carisma que se espera de um candidato a chefe do Executivo. Poderia ter se unido a um bloco progressista no primeiro turno, mas até os aliados em outros partidos sabem que, neste momento, a candidatura dele atende a um interesse estratégico. O PT não poderia ficar sem candidato no Estado em que o ovo da Lava Jato foi chocado. É preciso ter alguém que saiba defender o legado petista.

Nos próximos dias, Requião deve anunciar a decisão do Partido. Há quem garanta que já está acertada a coligação com Osmar Dias, tendo o candidato do PDT a cabeça da chapa, o que faz sentido, dada sua colocação na pesquisa. Mas João Arruda insiste e seus articuladores querem Osmar como vice. Difícil, mas em política até a lei da gravidade não é absoluta.