O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) causou indignação ao comparar os presos nas manifestações do 8 de janeiro a vítimas do Holocausto, durante sua fala na CPI do 8 de janeiro. Em resposta, o Instituto Brasil-Israel emitiu, nesta quarta-feira (27), uma nota de repúdio, destacando que tal comparação “banaliza” a terrível história do Holocausto, que resultou no extermínio de mais de 6 milhões de judeus pela Alemanha nazista entre 1933 e 1945.
Ontem, durante o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as pessoas eram induzidas a entrar em trens sob falsas promessas de fuga, mas, nas estações, eram conduzidas às câmaras de gás e mortas em massa. Segundo ele, o método “é muito parecido com o que aconteceu aqui nas prisões dos dias 8 e 9 de janeiro”.
Se essa fala ABSURDA do senador Flávio Bolsonaro não for punida, tá tudo completamente liberado.
O cidadão comparou as prisões do 8 de Janeiro, efetuadas pela polícia, com o que os nazistas fizeram no holocausto.pic.twitter.com/0vW7BPpJEQ
— Desmentindo Bolsonaro (@desmentindobozo) September 26, 2023
O Instituto Brasil-Israel reagiu de forma veemente à declaração de Flávio, afirmando que a comparação é “desrespeitosa e ofensiva à memória das vítimas” do Holocausto.
A entidade destacou as diferenças cruciais entre os presos do 8 de janeiro e as vítimas do regime nazista, ressaltando que o segundo grupo foi exterminado devido à sua identidade religiosa, nacional, sexual ou política, enquanto o primeiro estava relacionado a eventos políticos.
A declaração de Flávio Bolsonaro também gerou críticas de outras personalidades da sociedade civil. O ex-deputado Jean Wyllys (PT) destacou que o senador desrespeitou profundamente a comunidade judaica ao fazer essa comparação entre vítimas do Holocausto e “um bando de siderados golpistas e violentos”.
Leia a nota na íntegra:
A declaração feita hoje por Flávio Bolsonaro em que compara vítimas do Holocausto aos depredadores de Brasília é um caso clássico de banalização do Holocausto.
Flávio decide entrar em resoluções assustadoras, sendo desrespeitoso e ofensivo com a memória.
Ao contrário dos detidos e presos por crimes em Brasília, as vítimas dos nazistas não cometeram crime algum, e foram exterminadas em razão de sua identidade religiosa, nacional, sexual ou política.
Por fim, Flávio Bolsonaro afirma ter visitado o Museu do Holocausto em Jerusalém, o que o legitimaria a fazer tais comentários. Mais uma distorção negacionista que fere a memória das vítimas.