Jair Bolsonaro foi acusado de falta de transparência na coleta de dados durante a pandemia de Covid-19 no Brasil e de usar tecnologias de espionagem em denúncia feita à Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo as instituições Conectas, Artigo 19, Data Privacy Brasil e Transparência Internacional Brasil, o ex-presidente coletou dados biométricos, de geolocalização e informações sobre a saúde da população entre 2020 e 2022.
A denúncia ocorreu durante a 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. As entidades mostraram preocupação com o aumento de uso de equipamentos de espionagem pelo governo do ex-presidente.
“Também nos preocupa, para além da questão específica da pandemia, o aumento em relação a gastos governamentais em diferentes órgãos e instâncias federativas, com destaque ao campo de segurança pública e inteligência estatal. Tais gastos foram centralizados na aquisição de equipamentos de hacking e softwares espiões, violando os direitos de liberdade de expressão, associação, privacidade e intimidade”, afirmou uma representante da Conectas.
As instituições querem que a organização questione o Brasil sobre as denúncias de coleta de dados durante a pandemia e sobre o crescente uso da tecnologia como instrumento de espionagem no país.
A denúncia ocorreu no mesmo dia em que foi revelado que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) operou um sistema secreto para monitorar a localização de cidadãos em território nacional durante a gestão do ex-presidente. A ferramenta “FirstMile”, criada pela empresa israelense Cognyte, foi comprada por R$ 5,7 milhões em 2018 e permitia o monitoramento de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses.