Nesta quarta-feira, dia 27, o chanceler Ernesto Araújo defendeu o regime militar numa audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.
“Não considero um golpe. Foi um movimento necessário para que o Brasil não se tornasse uma ditadura. Não tenho a menor dúvida disso”, falou, antes do presidente da mesa mudar de assunto a toque de caixa.
“Movimento” é um eufemismo cunhado por Toffoli, diga-se.
Isso não se faz, Ernesto.
Em 2011, ele não pensava assim.
Ou, se pensava, dizia coisa diferente.
Durante o governo Dilma Rousseff, o embaixador do Brasil nos Estados Unidos era Mauro Vieira, que havia sido chefe de gabinete do sogro Seixas Corrêa na secretaria-geral do Itamaraty.
Vieira chamou Araújo para ser seu braço direito na embaixada em Washington — Araújo atuou como ministro-conselheiro.
Na capital americana, em abril de 2011, ao participar do programa Global Model of Democracy and Development, do Akron Council on World Affairs (ACWA), entidade que organiza eventos diplomáticos, o chanceler defendeu a atuação da ex-presidente Dilma Rousseff como guerrilheira no combate à ditadura militar.
“Especialmente entre os jovens não havia esperança de ver a democracia restabelecida por meios pacíficos. A impressão era que o governo militar ia ficar para sempre. Então muitas pessoas, a despeito das instituições, decidiram pegar em armas. Ela [Dilma] foi parte disso”, contou Araújo, em inglês. Depois disse que não foi a guerrilha que deu fim à ditadura e que os militares saíram do poder por suas próprias contradições.
“Então não foi a luta direta com armas que derrubou os militares. Mas é claro que essa luta [guerrilha] foi importante como parte de um movimento geral em direção a mais democracia, que era basicamente um movimento pacífico”, afirmou. Em seguida, Araújo completou que “todos que lutavam em paz ou não tão em paz se sentem parte desse processo de redemocratização” do Brasil.
Ele amava Lula, também.
Dilma “é a nova presidente, a primeira mulher a ser eleita para este cargo, vencendo com 56% dos votos no segundo turno. Ela tem grandes tarefas pela frente para continuar e expandir o legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, apontou .