Em meio à crise do MEC (Ministério da Educação), o clima nos bastidores do governo é de apreensão, apesar do discurso oficial dos aliados ao Bolsonaro ser de que os áudios do grampo sobre as conversas do ex-ministro não trazem nenhuma evidência concreta de crime da parte de Bolsonaro e que o caso “não vai dar em nada”.
Recentemente, o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, recebeu uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) na qual foi informado sobre a operação da Polícia Federal que posteriormente resultou em sua prisão. As gravações mostram uma conversa entre o Ribeiro e sua filha, no dia 9 de junho, em que ele relata um telefonema de Bolsonaro.
No áudio, o ex-ministro afirma que Bolsonaro telefonou para ele e dos Estados Unidos, onde estava em visita oficial, para dizer que estava “com um pressentimento sobre a operação”. “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, informou Ribeiro à filha. Quatro dias depois da conversa, a PF (Polícia Federal) pediu autorização da Justiça para fazer as buscas, que aconteceram nesta sexta-feira (24).
Os aliados ao Bolsonaro temem que haja mais conversas comprometedoras do ex-ministro mencionando o presidente da República. Para eles, a PF pode ter captado outros diálogos em que se cite o presidente ou se comprove que as informações sobre a operação estavam sendo repassadas ao Planalto. A cúpula da campanha de Bolsonaro também teme a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que leve a mais escândalos e tumultos no governo.
Os estrategistas da campanha eleitoral de Bolsonaro lamentam o fato dos áudios terem vindo à tona, pois o presidente está iniciando um roteiro de viagens pelo Nordeste. Durante a viagem pela região – onde tem alta rejeição e perde para Lula (PT) – Bolsonaro programou anunciar o aumento de R$ 200 no valor do Auxílio Brasil.