Escritor colunista da Folha volta a atacar Maiara & Maraísa: “Filhas do inferno escolheram Deus Dinheiro”

Atualizado em 22 de janeiro de 2020 às 8:50
Maiara & Maraísa. Foto: Divulgação

Publicado originalmente na fanpage de Facebook de Anderson França, colunista da Folha de S.Paulo

Maiara & Maraisa, porque choras?

A Folha de S.Paulo retirou o desenho do ar. Do site deles. Como é meu, amanhã estarei fazendo uma camiseta e uma bandeira, pra esperar por vocês em Lisboa.

Eu lembro de quando alguns políticos perseguiram pessoas, dizendo que iam processar quem divulgasse texto, desenho, etc.

É preciso ter muito tempo livre, e fígado, pra gastar tempo precioso nas redes se preocupando com o que dizem de vocês.

Mas tempo livre eu penso que vocês duas tem.
Já fígado, a contar pelo conteúdo das músicas de vocês, que glamourizam a cachaça, a bebedeira, o adultério, e tudo aquilo que Jesus não disse que era pra fazer,

bem.
Se vocês fazem o que cantam, e eu espero que não seja o caso, pois quero crer que são minhas irmãs em Cristo,
mas se vocês fazem o que cantam, para depois defenderem valores moralistas, então,

vocês se tornam duas vezes mais filhas do inferno que os fariseus que Jesus combateu. Porque eles eram assim.

Porque o que sai da boca de vocês aparentemente provém de Satanás. Esse, esse Satanás combatido hoje a unhas e dentes pela Bancada Evangélica, que segundo ela existiu nos governos do PT.

Satanás é pai do entorpecimento, da bebida sem medida, do desejo pelo rompimento de afetos, de tudo aquilo que destrói famílias, que vocês dizem tanto prezar. Mas na letra de vocês, diz outra coisa.

A menos que cantem pra destruir a família dos outros.

Mas a de vocês, continua intocável, no culto da manhã. E rica. Ganham dinheiro com os ímpios. Em shows onde rola sexo nos corredores, nas pistas, drogas, porque em todo show tem, né, vocês não são exatamente um exemplo de Ministério de Louvor.

Se enganam, e são enganadas por pastores e pastoras que dizem o que vocês querem ouvir.

Apesar de sair obra musical de vocês todo perfume do inferno, o perfume que Satanás usa para sair de casa, do sertanejo que se recusa, porque são hegemonicamente racistas, a cantar músicas do Natiruts que reverenciam Iemanjá.

Saibam que aqueles a quem vocês denominam de macumbeiros, e endemoniados, que, inclusive, sustentam a carreira de vocês, eles tem uma vida mais regrada, e princípios mais elevados que os que vocês propagam.

Porque Orixá não quer ver filho seu em cachaçal, humilhado pela cidade. Povo de terreiro tem história. Tem dignidade.

Eu, nascido na igreja, vejo muito mais a mão de Deus operando ali, que nas suas letras sertanejas. O sertanejo, cultura nascida com o homem simples e humilde do campo. Homem por quem Deus se fez amor. Hoje, tem sua cultura violada por pessoas que preferem incentivar a bebedeira e a destruição humana.

Mas eu sou seguidor de Jesus a muito tempo.

E falando de Jesus, bem.
Deus tem lado.

E eu tenho lado.
E o lado de Deus é o lado do oprimido.
Eu posso errar muitas vezes, mas erro por tentar.
Não erra quem não se expõe. Quem se omite, não erra.

A nota medíocre que me foi entregue é ruim, de raciocínio, de proposta, de argumento e mesmo jurídica.

A Folha, dentro da liberdade que tem, tirou do ar o desenho, e conversaram comigo. Mas a Folha fez isso, segundo os seus critérios.

Eu não faço.

Pelo contrário, o desenho já ganhou o mundo.
Haja dinheiro pra processar todo mundo que vai usar esse que já virou um clássico.

Vocês estão com tanto medo de serem despidas em público, que ao olhar uma charge, pensam que estão se vendo num espelho.

Vocês se viram ali.
Eu não escrevi o nome de vocês.
Mas vocês se viram.

Isso a terapia explica.
Isso nem é mais carapuça, isso é atestado de culpa, em cartório, registro de B.O., recibo de prestação de serviços.

Nenhum juiz dará ganho de causa a vocês. E seus advogados, se não sabem disso, deveriam.

Portanto, o que as pessoas dizem de vocês agora?
Ouçam as vozes.

Não sou eu quem diz.

O que eu digo, e repito, com toda visibilidade que vocês tem, é que não se posicionar diante de questões urgentes e sociais, diante de um fato grave como o praticado por Roberto Alvim, secretário do governo do presidente que VOCÊS elegeram,

é apoiar.

O silêncio de vocês, é apoio.
Apoio consciente.

Ao projeto de poder de Bolsonaro.
Aos princípios de Bolsonaro.
Ao projeto de país de Bolsonaro.
Ao racismo, sexismo, homofobia, ódio a pobre, de Bolsonaro.
Ao nazismo presente no fazer ideológico de Bolsonaro.
Bolsonaro representa César. Bolsonaro representa Roma. O poder das Trevas, diluído no Estado, para legitimar uma opressão aos pobres, sustentado pela religião.

Mas calma.
Vocês não criaram esse perfil de artista neutro.
Roberto Carlos é o pai de vocês. Ele recebeu medalha de general da ditadura. Quantos jogadores, cantores, músicos, artistas, escolheram lados no Brasil?

Neutro, ninguém é.

Ou você usa a arte para transgredir pelo povo, ou você é braço auxiliar do poder que oprime o povo.

Essa neutralidade que vocês buscam nessa nota de repúdio feita de maneira nojenta, não existe.

Vocês não são neutras. Vocês sabem o que querem. Dinheiro. Não importa o que custe, e quantas vidas custe. Mesmo que estejamos falando da vida dos judeus.

Mamon. Não podeis servir a Deus, e a Mamon.
Vocês escolheram o Deus Dinheiro. E o Deus Dinheiro faz exigências. Demandas. Manda no que você vai ou não falar, vai ou não fazer. Olhem em volta. Essa casa onde moram, esses carros, esses empregados, essa vida: isso foi uma escolha.

E não é possível dizer que Deus habita nesse meio.
O Deus que habita aí é a ideia que vocês fazem de Deus.
Mas Deus não está, nunca, nas mansões.

Vocês são a Nova Jovem Guarda.
Raivosa. Que liga pra Folha, desesperada, ameaçando empregos de pessoas. Não o meu. Porque,
olha aqui, Maiara,
olha aqui, Maraisa:

eu existo antes de escrever na Folha, e vou existir, mesmo depois que vocês mergulharem no mar do esquecimento das pessoas. Quando vocês afundarem, arrogantes, soberbas, sozinhas, no profundo da escuridão dos mares, a solidão dos indigentes, a morte dos incircuncisos, no vazio avassalador das trevas, sentindo, inclusive, a espada que hoje apontam para mim.

Porque Deus tem lado.

E o lado de Deus não é a cachaça.
Não é demonizar Iemanjá.
O lado de Deus é com o oprimido.
O lado de Deus é com quem se levanta, neste tempo, para ter coragem e dizer a todos que estão no alto:

Deus vai cobrar vocês.

E é chegado o tempo de vocês, o tempo das trevas. A definitiva noite em Latinoamerica. E vocês farão com que os corajosos deste tempo saiam das cavernas. Milhares. Milhões.

Nem Cesar, nem Goebbels venceu.
A mensagem do amor, que vocês dizem acreditar, peitou governadores, imperadores, foi presa, ameaçada, perseguida, violada. Mas o Cordeiro que parecia estar morto,
não estava.

Eu estou falando com vocês aqui,
de um jeito que leitor nenhum foi convidado a entender.

Isso aqui, Maiara, Maraísa,
é uma palavra que deve ser ouvida com o benefício da dúvida.
Bem pode ser que vocês me odeiem.
Mas bem pode ser que Deus esteja dando um recado.

Porque Jesus não morreu de velho.
Jesus morreu como priosioneiro político, odiado pelos seus, abandonado pelos amigos, morto pelo Estado, na frente da mãe, inteiro, aberto, certo de que lado estava.

Eu não tenho medo de seu processo.
Eu não tenho sequer mais o medo de morrer, que seu presidente e a milícia do seu presidente me ofereceu como recompensa pelo meu trabalho na periferia.
Eu tenho a minha vida como entregue nas mãos Daquele que me porá de pé no último dia.

E dessas palavras na Folha,
e pelo lado que assumi na vida,
eu nunca vou me arrepender.

Poderia ter falado com vocês como escritor.
Falei com crente.
Estejam atentas.
Quem está de pé,
veja que não caia.

Porque nesse conflito, eu sou Davi. Com uma funda, uma ousadia, e uma verdade.
Não sejam o Golias, vaidoso, forte, no entanto, com uma brecha no meio da testa, vulnerável.

E procurem cantar coisas mais verdadeiras. Ligadas ao espírito sertanejo, do homem e da mulher do campo.