O ex-coordenador de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e secretário de Direitos Humanos de Niterói, Raphael Costa, publicou no último domingo (20) um vídeo em que um homem relata agressões físicas que teria sofrido de Carlos Jordy (PL-RJ), deputado federal e candidato à prefeitura de Niterói.
Além disso, a testemunha relata uma série de condutas violentas e até criminosas do político bolsonarista, que teriam ocorrido ao longo da juventude de Jordy, que tem 42 anos. Ele nega as acusações.
De acordo com a testemunha – que pediu para não ter seu nome revelado por “ter muito medo de Carlos Jordy” -, o candidato assediava meninas, espancava rapazes e consumia drogas em áreas públicas na época em que frequentava o ensino médio e era membro do “Bonde da Fumaça”, uma torcida organizada do Flamengo.
O relato da testemunha publicado nas redes sociais do ex-secretário fez com que mais vítimas tomassem coragem para dizer o que viram e sofreram nas mãos de Carlos Jordy e de seu bonde da fumaça. Algumas pessoas relatam também uso e até venda de entorpecentes.
Assim, às vésperas do segundo turno em Niterói, o candidato do PL passa a ser assombrado por seu próprio passado vindo à tona, mas não poderá dizer que não esperava por isso. Na realidade, sua suposta relação com as drogas e a violência é tema conhecido no meio político, e até mesmo seus aliados de primeira hora costumam tocar no assunto quando se sentem contrariados por Jordy.
O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), por exemplo, já sugeriu que seu aliado “cheirasse menos cocaína” para manter a calma durante embates políticos. O episódio, ocorrido em 2022, foi amplamente divulgado pela imprensa na época.
Já em 2017, o então vereador de Niterói Carlos Jordy teve que amargar ouvir de um colega parlamentar em plenário que, quando jovem, “ele teve que se mudar para Itajaí pelas brigas de torcida que ele organizava e pelas ‘balinhas’ que ele vendia”.
“Balinha” é um dos nomes informais dado nas ruas para o ecstasy, entorpecente que causa danos no sistema nervoso central e é vendido por traficantes em festas e casas noturnas.
Outro colega que já denunciou os comportamentos duvidosos do bolsonarista é Alexandre Ceotto, outro representante da direita niteroiense e próximo a Jordy e à família Bolsonaro.
“Seria bom explicar para os seus eleitores porque se mudou para Itajaí”, disse Ceotto em suas redes sociais, completando com “o lenhador de Bonsai (uma referência à sua baixa estatura aliada à sua personalidade violenta) tem mais segredos que a cidade pensa.”
Na postagem realizada ontem pelo ex-coordenador do Ministério da Justiça, outras testemunhas lembraram que Jordy deixou Niterói ao concluir o ensino médio porque seus pais temiam que fosse preso ou se envolvesse em mais episódios de violência se continuasse na cidade.
Nas redes sociais, pessoas da mesma geração do deputado já relataram a sua participação em episódios de violência no grupo “Bonde da Fumaça” e em episódios de “boxe” em “ festas rave”.
“Se você encontrar o Carlos Jordy na rua, pergunte a ele”, postou um morador da cidade pelo Twitter. Outro, pelo Facebook, declarou já ter sido atacado pelo deputado, na juventude, em grupo. “Fiquei lembrando dele e mais uns quatro para cima de mim numa festa de 15 anos”. O mesmo usuário do Facebook também postou sobre Jordy: “Correr atrás de neguinho em Icaraí já rolou muito”.