Fontes de alto escalão do serviço secreto brasileiro revelaram que, além dos políticos e jornalistas monitorados pela “Abin paralela” durante o governo Bolsonaro, diversos outros alvos estrangeiros também foram vigiados por meio da ferramenta, de acordo com informações do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
Esses alvos adicionais estão vinculados às atividades rotineiras da Abin, que tem a responsabilidade de monitorar ações de espionagem dentro do território brasileiro, incluindo suspeitos de conexão com o terrorismo internacional.
Entre os alvos estão diplomatas estrangeiros oficialmente credenciados para atuar no Brasil que, por diferentes razões, foram colocados sob monitoramento nos últimos anos.
Por exemplo, funcionários da Embaixada da Rússia foram monitorados devido à suspeita de que estavam apoiando Sergey Cherkasov, um espião a serviço do Kremlin que foi preso e condenado no Brasil após ser flagrado por serviços secretos estrangeiros usando identidade brasileira falsa.
Existem outras situações igualmente delicadas envolvendo diplomatas de países com os quais o Brasil mantém relações amistosas.
As fontes da Abin destacam que o problema reside no risco de causar turbulências diplomáticas se os governos desses diplomatas tomarem conhecimento de que seus funcionários foram alvo da inteligência brasileira.
Além disso, há um “risco de confiança” relacionado às informações sensíveis repassadas à Abin por serviços secretos estrangeiros em colaboração para monitorar suspeitos de ligação com o terrorismo.
Um dos alvos monitorados com a ajuda do FirstMile, sujeito a centenas de consultas durante o período, é um investigado supostamente vinculado ao grupo radical libanês Hezbollah que permaneceu por um longo período no Brasil.
“Se os serviços estrangeiros descobrirem que as informações compartilhadas por eles com a Abin não são devidamente protegidas, haverá o risco de eles perderem a confiança em nós”, disse, sob reserva, um oficial de alto escalão da agência.