O jornalista Elio Gaspari informa hoje que Sergio Moro está na frigideira, isto é, está sendo frito e poderá ser demitido antes mesmo de novembro do ano que vem, quando surgirá a primeira vaga no Supremo Tribunal Federal, e ele poderá ser mandado para lá.
O jornalista não credita a informação a nenhuma fonte, nem anônima, mas desenvolve um raciocínio que é próprio de quem conhece os meandros da política palaciana, em qualquer governo.
Ele notou que Sergio Moro não estava naquele café da manhã em que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, foi convidado para entregar uma sugestão de pacto para garantir as reformas.
Sendo Moro ministro da Justiça, responsável pelo aconselhamento do presidente em assuntos que envolvam o Judiciário, sua ausência tem significado político.
Para o jornalista, Bolsonaro acredita que Moro é candidato a presidente e que, portanto, disputarão o mesmo espaço daqui a algum tempo, já que ele, embora tenha dito durante a campanha que acabaria com instituto da reeleição, dá demonstração de que alimenta esse sonho.
Falta combinar com o povo, cada vez mais longe dele. Mas vá lá.
Nessa equação, para Moro é melhor um presidente manco, já que ele tem caminho próprio, e é provavelmente por isso que tem colecionado derrotas. Foi humilhado em uma nomeação para um conselho, perdeu o Coaf e tudo indica que ficará de fora do processo de escolha do futuro procurador geral da república.
Ele tinha candidato, Deltan Dallagnol, que fez o dever de caso e se recolheu desde que seu nome começou a ser ventilado. Sempre falante, calou-se no episódio de Fabrício Queiroz e os laranjas.
Mas se inviabilizou quando veio à tona a história de que colocou a mão em uma bolada de 2,5 bilhões de reais liberada pela Petrobras por pressão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
O jornal O Globo de ontem noticiou que os procuradores da Lava Jato teriam agora preferência por um candidato a procurador geral, Vladimir Arias, que disputa as eleições internas da corporação.
Dallagnol tratou de desmentir, através de um e-mail trocado com outro procurador que foi vazado (ou ele vazou, o que é mais provável) para a Jovem Pan.
“A Lava Jato em Curitiba endossa integralmente a mensagem da Lava Jato no RJ. A força-tarefa decidiu desde o início do processo não apoiar nenhum candidato como grupo e ninguém de nós falou em nome da equipe. Cada um tem liberdade para externar sua própria posição”, afirmou.
Ontem à noite, Bolsonaro disse que espera a lista tríplice para decidir quem ocupará o lugar de Raquel Dodge — ela própria se ofereceu para permanecer.
Mas, como está fora da disputa interna para integrar a lista tríplice, suas chances são nulas, se Bolsonaro não mudar de ideia outra vez, já que, durante a campanha, ele disse que poderia escolher qualquer um, mesmo alguém que não estivesse nessa lista.
A Procuradoria Geral da República é um vespeiro que pode produzir picadas doloridas. É um universo que Moro conhece bem, mesmo sendo de outra carreira, a da magistratura, mas, como se viu nos processos da Lava Jato, especialmente os que envolvem Lula, sabe manipular o Ministério Público para atingir seus objetivos.
Na época, entretanto, ele tinha autonomia para decidir. Em sua jurisdição, era o dono da caneta.
Agora, quando deu um passo gigantesco e chegou a Brasília por influência de Paulo Guedes — que tem as suas pendências no Ministério Público Federal –, não consegue nem nomear conselheira.
Sergio Moro talvez tenha dado um passo maior que a perna. Como diz um ditado popular no Paraná: “Quem dá o passo maior que as pernas corre o risco de rasgar as calças ou a saia.”
E ir para a frigideira.