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Por Luis Felipe Miguel
Juliano Medeiros, presidente reeleito do PSOL, nega em entrevista à Folha que o endosso à candidatura presidencial de Lula exija, como contrapartida, o apoio do PT à candidatura de Boulos ao governo paulista: “Não vamos tratar essa essa situação de São Paulo como um simples toma lá, dá cá”.
É razoável. Depois, diz que “isso não quer dizer que nós não esperamos generosidade dos partidos para reconhecer o papel importante que o Guilherme Boulos tem cumprido”, o que é uma bobagem. “Generosidade” é um valor completamente deslocado no contexto.
Um argumento válido aparece um pouco depois: “Boulos tem mantido diálogos muito produtivos com outros partidos do campo progressista que têm alguma resistência em apoiar uma candidatura do PT”.
Mas fica a questão: quais são estes partidos? Excluindo aqueles que não têm qualquer densidade eleitoral, seriam potencialmente dois.
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Um é o PSB, que sobretudo em São Paulo dificilmente se qualifica como integrante do “campo progressista”.
Eu diria que a chance de um acerto com o PSOL é zero. Márcio França estava outro dia no convescote dos viúvos de João Doria, ao lado de Alckmin, Kassab e do eterno bolsonarista Skaf. É com essa gente que o PSB paulista vai marchar.
Sobra o PDT, que uma nota na mesma Folha diz que anda atrás de Boulos, a fim de obter um palanque forte para Ciro Gomes em São Paulo.
Se é isto, fica difícil ver por que o PT abriria mão da candidatura de Haddad, que – como Juliano mesmo admite – hoje pontua melhor nas pesquisas. Para fortalecer um palanque que também será de Ciro?
Ainda há muito tempo até as definições eleitorais, mas o mais provável é que a esquerda lance mesmo duas candidaturas, muito próximas uma da outra, para o governo paulista.
Caso se repita a situação das eleições paulistanas, com campanhas respeitosas entre si e a militância confluindo por conta própria para quem tiver melhores chances, não é um mau cenário.