Em editorial neste domingo (31), o Estadão utilizou um discurso feito por Liz Cheney, deputada do partido Republicano dos Estados Unidos, para constatar algo que sempre soube, mas nunca admitiu: Bolsonaro não passa de um “oportunista reacionário com evidente inclinação para o autoritarismo”.
A norte-americana, que em junho do ano passado defendeu seu partido e os valores conservadores representados por ele, fez um alerta ao se referir ao ex-presidente Donald Trump.
“Neste momento, estamos enfrentando uma ameaça interna como jamais tivemos em nossa história. Essa ameaça é um ex-presidente que está tentando destruir os fundamentos de nossa República Constitucional. Nenhum partido, nenhuma nação consegue defender uma República Constitucional se aceitar um líder que decidiu deflagrar uma guerra contra o império da lei, contra o processo democrático e contra a transição pacífica de poder”, pontuou a deputada, que integra o grupo de opositores a a Trump no partido.
O Estadão descobre agora que o mesmo chamamento deve sustentar os “cidadãos de bem” que acreditaram no jornal e sustentaram Bolsonaro em 2018.
Lembrou que o sujeito enaltece a truculência antidemocrática e não esconde seu amor à ditadura. Bolsonaro, segundo o jornal do bairro do Limão, chegou ao poder com um discurso conservador, aceito por conservadores genuínos que compraram essa ideia para impedir que o PT se elegesse novamente.
“Todavia, se houve quem comprasse de boa-fé a falácia de Bolsonaro em 2018, agora, ao final de seu mandato, já não há mais qualquer dúvida de que o presidente não é liberal nem, muito menos, conservador. Bolsonaro é apenas um oportunista reacionário com evidente inclinação para o autoritarismo”, escreveu o editorialista.
O jornal destacou que, a fim de evitar que os verdadeiros conservadores caiam novamente na armadilha que o agora incumbente tenta rearmar, é preciso relembrar quais são, de fato, as ideias e os valores que o conservadorismo encerra e por que alguém como Bolsonaro é a sua perfeita negação.
“Ser conservador é rejeitar as transformações radicais do Estado e da sociedade, preservando as tradições construídas pela sociedade ao longo do tempo e repelindo as rupturas. Em outras palavras: ser conservador é curvar-se ao império das leis e ao Estado Democrático de Direito, é defender a estabilidade e a independência de instituições democráticas, é rejeitar governantes que incentivam a cizânia e a violência. Ora, isso é tudo o que Jair Bolsonaro, definitivamente, não representa. A desordem que ele instila vai na direção contrária do conservadorismo. Bolsonaro personifica o caos”, continuou o artigo.
O Estadão seguiu afirmando que é preciso que os conservadores brasileiros rejeitem o bolsonarismo como representante de seus valores e se desvinculem do candidato à reeleição, que faz o oposto do que prega.
“Nos Estados Unidos, a deputada Liz Cheney teve coragem de liderar a luta para resgatar o Partido Republicano das garras de Trump. Aqui não temos um partido conservador nos moldes do Republicano, mas certamente há um conservadorismo a ser defendido da razia bolsonarista. Se os conservadores de verdade não querem ser confundidos com Bolsonaro e seu conservadorismo de fancaria, é hora de se manifestarem”, finaliza o editorial.
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