A série retrata a vida dura que se leva nos Estados Unidos de hoje.
O mundo inteiro está ansioso pela última temporada de Breaking Bad, prestes a começar.
Eu também.
Breaking Bad é, entre outras coisas, um excelente retrato da sociedade americana.
Walter White é um químico brilhante – um gênio, melhor dizendo. Ainda no início da série, Walter possui dois empregos. É professor de química em uma escola e trabalha em um lava rápido.
Tem um filho com paralisia cerebral e uma bela esposa que engravida acidentalmente – e é nessa situação que descobre estar com câncer no pulmão.
Walter não tem dinheiro para pagar o tratamento, e reluta em aceitar a ajuda de amigos ricos. Ao mesmo tempo, sente que estando perto da morte (possivelmente), seu dever é “prover para sua família”; ou seja, não partir deixando seus ente queridos sem nada.
Começamos por aí. Há uma falha visível no sistema de saúde americano, até parecido com o do nosso país. Afinal das contas, um plano de saúde deve ser capaz de cobrir o tratamento de seu paciente. E, como certamente o de muitas outras pessoas, o plano de Walter não é.
Isso já nos faz pensar que é degradante ter que optar entre o tratamento para uma doença e o bem estar de sua família.
Walter participa de uma apreensão policial com seu cunhado, Hank, que trabalha na DEA, o Departamento de Narcóticos, e reencontra um jovem para quem deu aula há alguns anos, Jesse Pinkman.
Jesse fabrica, com um sócio, metanfetamina, e a vende para um traficante. Walter percebe que esse é um modo aparentemente fácil de ganhar dinheiro e, quando o parceiro de Jesse é preso, se oferece para tomar o lugar dele.
Walter acaba fazendo uma grande dupla com Jesse (o ator americano Aaron Paul em uma atuação ótima), seu jovem aprendiz, a quem ele manipula, ataca e quase mata.
Jesse era um dos personagens mais divertidos durante as primeiras temporadas. Lá pela terceira temporada, no entanto, (SPOILERS) Jesse é obrigado a romper com seu código de moral e matar um homem. A partir de então, fica traumatizado e deixa de ser tão engraçado.
Eu não tentaria, de modo algum, justificar as ações – quase todas bastante reprováveis – de Walter, nem as escolhas que o personagem toma. No início do seriado, eu simpatizava com ele.
Era um pai e marido amoroso, preocupado com o futuro da família e desejando deixar a mulher e o filho em uma situação estável antes de morrer. Mas, no decorrer do tempo, se torna cada vez mais difícil manter essa simpatia. Quando terminei a primeira parte da quinta e última temporada (a segunda parte começará na metade desse ano), ela já estava escassa.
Uma cena da terceira temporada é simbólica. Em um flashback, vemos Walter e Skyler, ela grávida do primeiro filho, andando por uma casa que pretendem comprar (a casa na qual vivem até o presente momento e que nós, espectadores, conhecemos bem). Walter comenta a falta de espaço para os muitos filhos que pretende ter. Na cena, ele é um químico de trinta e poucos anos, no começo dos anos 90. “O único caminho é subir”, ele diz para a esposa.
Breaking Bad é mais que uma série. É a vida como ela é num país que foi se tornando o avesso do sonho que foi tão bem vendido por tanto tempo.