Carluxo, jornalistas, milicianos, dirigentes do PL, pastores. Todos fazem parte do jogral que desafia Alexandre de Moraes a prender Bolsonaro.
Porque a pergunta do momento é a que aciona a maior dúvida do Brasil: Bolsonaro pode ser preso?
Carluxo, Silas Malafaia e gente boa da grande imprensa acha que não. O tom mais desafiador vai na linha do prenda-se-for-capaz.
Malafaia disse no começo da Marcha para Jesus, no sábado no Rio:
“Esta nação pertence a Jesus, não pertence a Alexandre de Moraes, não pertence a governante nenhum”.
E garantiu: “Eu não tenho medo desse cara”. O povo delirou na Praça da Apoteose.
Além das ameaças do fascismo, há até entre jornalistas de esquerda chutes diversos na direção da impossibilidade da prisão do chefe dos muambeiros.
O raciocínio é o mais básico possível. Bolsonaro seria preso ao amanhecer e ainda pela manhã, bem antes do meio-dia, as ruas seriam tomadas de bolsonaristas.
Carluxo se queixa dos parceiros de extrema direita que especulam sobre a hipótese da prisão do pai dele e fala em “Síndrome de Estocolmo”.
E jornalistas de esquerda ajudam a propagar a ameaça da rebelião popular, imaginando em todo o país algo parecido com o que aconteceu no 8 de janeiro.
É coisa de gente que anda vendo muita série sobre zumbis. E também é chute, porque agora o que importa é chutar.
Chutam para todo lado, porque as gangorras nunca balançaram tanto, desde as revelações do hacker Walter Delgatti na CPI e da aparição do novo advogado de Mauro Cid.
Chutam sobre a delação de Cid, sobre os motivos do recuo do advogado dele, sobre a pressão dos militares e até sobre a possível fuga de Bolsonaro.
Quando diz que “sei dos riscos que corro em solo brasileiro”, como disse em Goiânia, Bolsonaro provoca os chutadores.
Pedem que chutem a canela de Moraes. Sugere que chutem uma especulação sobre um pedido de asilo. E dá a entender que desejam matá-lo.
A véspera do que pode vir a ser a prisão de Bolsonaro aciona o que a imprensa tem de pior, nas corporações e nos veículos ditos alternativos.
A sensação de proximidade do desfecho para Bolsonaro descalibrou e desqualificou as condutas.
Tentam se antecipar ao que pode acontecer e assim alcançam gasolina ao bolsonarismo, inclusive para cutucar o ministro mais temido pela extrema direita.
Os desafios lançados em direção a Alexandre de Moraes, que não teria coragem para prender o cara da muamba segundo alguns jornalões, igualam fascistas e jornalistas emissários dos seus recados.
Chegamos ao momento em que o jornalismo brasileiro parece ter virado, no jogo do vale tudo, uma grande Record.