É bom que Marina participe das eleições de 2014. Mas ela tem que mostrar muito mais substância do que mostrou na cerimônia de sua filiação ao PSB para que possamos levá-la a sério em sua pretensão de ser a “coisa nova” na política brasileira.
Se você espreme a fala de Marina não vai encontrar uma única ideia original, inovadora, capaz de derrubar queixos.
O que se ouviu foi o triunfo da embalagem, expresso em frases pré-fabricadas. O maior exemplo disso foi o brado de que seria “enterrada a Velha República”.
Isso não quer dizer, rigorosamente, nada, se não é acompanhado de ideias claras. Se as tem, Marina escondeu bem em sua fala de hoje.
Marina se empenhou em tentar inutilmente provar que não estava fazendo o que estava fazendo – buscar abrigo num partido para poder concorrer em 2014.
Só convenceu a quem queria ser convencido. Ela está sim repetindo um gesto velho na política brasileira que ela promete reformar sem dizer, ou sem saber, como. Ficou no ar o cheiro inconfundível da hipocrisia.
O Brasil precisa desesperadamente de homens públicos – ou mulheres – capazes de acelerar drasticamente o combate ao que é de longe o mais dramático problema brasileiro: a irritantemente persistente desigualdade social.
Privilégios têm que ser corajosamente enfrentados e removidos. Não é possível, para ficar num caso, que um caso de sonegação bilionária como o da Globo fique por isso mesmo. Não é possível que os ricos e as grandes corporações encontrem tantas mamatas, de empréstimos a juros maternais no BNDES a fórmulas que lhes permitem safar-se de pagar os devidos impostos.
A maior fraqueza do PT nestes dez anos foi a timidez, ou falta de coragem, no enfrentamento das facilidades proporcionadas ao assim chamado 1%.
As jornadas de junho mostraram a insatisfação da sociedade com a lentidão dos avanços sociais. Índios tratados miseravelmente, pobres desalojados em péssimas condições para obras da Copa – tudo isso gerou espasmos justificadíssimos de indignação.
Não está ainda claro se o PT entendeu com clareza a mensagem das ruas. Mas Marina, hoje, não deu sinal de haver entendido o que foi dito pelos brasileiros que saíram às ruas.
Se não bastasse o blablablá da filiação, fora dela Marina disse que é preciso acabar com o “chavismo” no Brasil – e não com a iniquidade.
É o tipo de frase que cabe em Serra, em Jabor – mas não em alguém que se apresenta como novidade.