Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor
POR LUÍS FELIPE MIGUEL, cientista político
Os cortes de bolsas e de investimentos na pesquisa em geral apontam para um país mais burro, mais desigual, mais dependente e mais submisso.
Afinal, na pesquisa científica e na formação de novos cientistas não se aperta uma tecla “pause” para depois retomar de onde parou. É necessário continuidade. As políticas do governo nos farão recuar 10 ou 15 anos. Podemos perder uma geração inteira para a ciência.
Não é difícil entender isso. Mas o déficit cognitivo do atual governo é tão gritante que, em benefício da discussão, vamos aceitar que eles não são capazes de se dar conta desta realidade.
Então podemos olhar o outro lado: os cortes no CNPq e na CAPES se transmutam em dramas pessoais. São milhares de projetos de vida cortados em pleno voo. São pessoas que fizeram escolhas, que deixaram de aceitar outras oportunidades porque se sentiram vocacionadas para a ciência, que investiram anos e anos de suas vidas – e agora são jogadas no vazio.
Gente que abandonou emprego. Gente que recusou emprego. Gente que mudou de cidade e não tem como se manter.
E o que faz o ministro da Educação?
Exibe sua insensibilidade. Quanto tem chance, debocha.
É pior do que ser iletrado. É pior do que ser obtuso. É pior do que ser desinformado. É pior do que ser reacionário. É pior do que ser obscurantista.
Se Weintraub fosse só isso, estaríamos muito mal. Mas estamos pior. Ele é perverso.
É um governo de gente perversa.