Estudo encerra mistério de 250 anos e mostra como a barata-alemã dominou o mundo

Atualizado em 27 de maio de 2024 às 9:07
Barata-alemã. (Foto: Reprodução)

A barata-alemã, ou Blattella germanica, é a espécie de barata mais comum e está presente onde os humanos estão, sendo vetor de doenças e difícil de exterminar. Um novo estudo da Universidade de Edimburgo esclarece sua origem, um mistério de 250 anos. Apesar de ser uma criatura repulsiva, suas “habilidades” são notáveis: elas são extremamente rápidas, conseguem se achatar para passar por pequenas brechas e têm patas com órgãos adesivos que lhes permitem escalar superfícies lisas.

O estudo revela que a resiliência da barata-alemã é extraordinária. Suas carapaças suportam até 900 vezes seu peso total, o que torna quase impossível esmagá-las. Além disso, são imunes à maioria dos inseticidas, o que dificulta ainda mais o seu controle. Isso é um grande problema, pois as baratas podem transmitir um grande número de doenças, como alergias, disenteria, hepatite A, antraz, salmonelose e tuberculose.

A espécie mais bem-sucedida é a barata-alemã, encontrada em todos os continentes e adaptada a ambientes urbanos. Medindo até dois centímetros, elas preferem ambientes úmidos e habitam todo tipo de edifícios. Na natureza, são raramente encontradas, demonstrando sua forte associação com os ambientes humanos.

A barata-alemã foi descrita pela primeira vez pelo naturalista sueco Carl von Linné em 1776. Apesar do nome, a origem da espécie não estava clara. Agora, pesquisadores liderados por Qian Tang, da Universidade Nacional de Cingapura, resolveram esse mistério analisando o material genético de 281 baratas de 17 países. Eles concluíram que a barata-alemã se desenvolveu há cerca de 2.100 anos a partir da barata-asiática, adaptando-se aos assentamentos humanos na Índia ou Mianmar.

Barata-asiática. Foto: Reprodução

Nos séculos seguintes, a barata-alemã se espalhou para o ocidente por duas rotas distintas: há 1.200 anos, aproveitou a expansão do islã, e há cerca de 400 anos, seguiu os rastros do colonialismo europeu. Até o início do século 18, seu habitat principal ainda era a Ásia, mas isso mudou na segunda metade do século.

No Brasil, a barata-alemã compete com a barata-americana, ou barata-voadora, nas regiões mais quentes. A campanha triunfal da barata-alemã se acelerou com o comércio mundial de longa distância e suas vias de transporte cada vez mais eficientes. No fim do século 19 e início do 20, ela havia conquistado o mundo, encontrando nas casas com calefação condições de vida ideais.

A ascensão da civilização humana desencadeou a evolução e disseminação de espécies adaptadas aos ambientes urbanos, confirmam os pesquisadores de Cingapura. A barata-alemã não suporta a secura, morrendo rapidamente em residências modernas sem cantos úmidos. Outro fator crucial para seu sucesso é sua resistência a inseticidas. As fêmeas produzem até 400 ovos em três meses, e as mais resistentes transmitem a imunidade à geração seguinte, permitindo que populações se restabeleçam rapidamente.

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