Por Laurez Cerqueira
Viu que a Arábia Saudita vai passar a vender petróleo para a China em Yuan? Essa estratégia do governo chinês já havia sido cantada há alguns anos.
Já imaginou o pânico dos Estados Unidos e de outros países ocidentais diante disso?
Iran e outros países do Oriente Médio estão na fila para entrar no bloco de exportadores de petróleo que podem aderir à moeda chinesa.
Depois da guerra do Oriente Médio, em 1971, foi criada a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo e o Petrodólar, uma moeda adotada para comercialização do petróleo.
A Petrodólar dá lastro ao dólar. A adoção do Yuan nas vendas para a China é uma ameaça ao dólar.
Outro passo decisivo que a China pode dar é querer o Yuan no comércio com os países membros da OMC – Organização Mundial do Comércio, da qual ela faz parte.
Todos os países membros da OMC comercializam seus produtos em dólar. Essas duas investidas da China coloca o Dólar em xeque.
O Jornal Nacional, no calor da guerra, deu uma matéria sintomática sobre a corrida para ouro, no mundo, como alternativa à instabilidade monetária.
Até os garimpos ilegais na Amazônia estão sendo atingidos. Milicianos, muitos oriundos do Rio de Janeiro, estão se instalando na região e tomando os garimpos.
O tráfico internacional de armas abastece os grupos com armamentos pesados. As armas entram pelas fronteiras do norte.
Imagina os Estados Unidos vendo essa movimentação da China e as mudanças geopolíticas e econômicas no mundo .
Putin está dizendo não ao aliciamento dos países da federação russa para que façam parte da OTAN.
A pressão dos Estados Unidos e de países da Europa via Ucrânia e outros da região, aparentemente é para conter os avanços da Rússia e da China na consolidação do projeto da Nova Rota da Seda, que prevê a criação do mercado Euro-asiático.
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O negócio da China é comércio. A população chinesa é de 1 bilhão e 500 milhões de habitantes. Já os países membros da União Europeia, 447.7 milhões. Os Estados Unidos, 393 milhões. A hegemonia populacional da China é uma realidade.
Os Estados Unidos e a Europa estão perdendo empresas de alto nível tecnológico para a China.
Além disso, China está investindo US$ 1 trilhão e 400 bilhões de dólares em ciência, tecnologia e inovação. Em 2025 está projetado US$ 2 trilhões.
As universidades estão bombando. O posto de maior potências tecnológicas do mundo está garantido.
Nova onda de produtos chineses chegará nos portos do Ocidente. Um abalo sem precedentes na economia ocidental está previsto, com consequências imprevisíveis.
O primeiro-ministro, Xi Jinping, está jogando xadrez no tabuleiro do mundo com uma habilidade política impressionante.
Será que vai rolar um xeque-mate nos Estados Unidos e na Europa?
(*) Lembra do assassinado daquele general iraniano, Qasen Soleimani, no Iraque, em janeiro de 2020?
Ele era comandante da Força Quds, braço das forças de segurança do Irã, responsável pelas operações secretas no exterior.
Foi comentado, na época, que uma das funções dele era articular, nos países do Oriente Médio, o comércio de petróleo em Yuan, moeda chinesa, como estratégia de contenção do poder dos Estados Unidos na região.
Ou seja, o comércio de petróleo em Yuan é mais um fator de peso para entender a guerra Rússia/Ucrânia. A dependência dos Estados Unidos e da Europa, do petróleo e do gás, põe em xeque a indústria mecânica do Ocidente, principalmente a indústria automobilística.
A China é a maior produtora de modais de transporte elétricos do mundo. No mundo capitalista, as guerras são filhas das crises econômicas. É o que estamos assistindo.