Publicado originalmente no blog do autor
Por Fernando Brito
O mundo bateu recorde de contágio: meio milhão de casos de Covid-19 em um único dia.
Os dois maiores países da União Europeia, Alemanha e França, anunciaram hoje o fechamento da maioria de suas atividades , com exceção das essenciais.
Os Estados Unidos têm a maior média semanal de casos, que já somam mais de 9 milhões, e voltou a ultrapassar as mil mortes diárias.
E o homem (ainda) mais poderoso do mundo, Donald Trump encerra sua campanha dizendo que ” a doença já está desaparecendo”, como registra o The New York Times.
Trump usa a si próprio como exemplo de que a a doença não é tão mortal assim. Usa, também, seu próprio filho Barron, que teve diagnóstico de Covid, como exemplo cínico:
“Ele estava fungando, ele estava fungando. Um lenço de papel, era tudo que ele precisava, e ele estava melhor”.
Joga com a ignorância das pessoas que acham que, pela maioria dos infectados desenvolve sintomas leves, o que é uma realidade que não encobre o fato de que o número de mortes apavorante.
No mundo, 44,7 milhões de pessoas contraíram a doença. 1,18 milhão morreram. Portanto, de cada 100 que tiveram a infelicidade de contaminarem-se, perto de 98 sobreviveram, o que não diminui o fato de que são 1,18 milhões de mortos.
A estratégia insana de Trump, porém, é capaz de cobrar-lhe um preço caríssimos.
Texas, Florida, Ohio, Wisconsin, Geórgia, onde a vitória é essencial para que ele tenha chances, estão entre os estados mais afetados pelo novo crescimento da epidemia.
Além deles, o país como um todo sofreu violentas quedas hoje nos seus indicadores de mercado, como o Dow Jones (menos 3,43%), Nasdaq (- 3,73%) e Standard & Poors (-3,53%) está metido numa crise fiscal generalizada, com perdas bilionárias para os estados federados de centenas de bilhões de dólares, maiores que todo o valor gasto com a educação de ensino primário e de nível médio por lá.
Dinheiro que sumiu e que fez desaparecer nada menos que 5 milhões de empregos públicos.
Mas não é nada, não, Barron Trump apenas fungou, fungou e apenas um lenço de papel resolveu o problema.
Quem sabe dia 3 os norte-americanos possam também assoar o problema e fazer o mundo respirar aliviado.