Evangélicos terão uma das menores representações na Câmara em 20 anos

Atualizado em 5 de outubro de 2022 às 8:53
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Câmara dos Deputados
Foto: Reprodução

Historiador pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e doutorando pela Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), o pesquisador Guilherme Galvão Lopes publicou, nesta terça-feira (4), uma análise nas redes sociais sobre a bancada evangélica na Câmara dos Deputados após as eleições. Segundo ele, os religiosos “terão uma das menores representações nos últimos 20 anos”:

Realizei um levantamento preliminar, e pelo visto os evangélicos terão uma das menores representações na Câmara dos Deputados nos últimos 20 anos, chegando ao patamar de eleitos próximo ao de 1999.

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Gráfico elaborado por Guilherme Galvão Lopes

Nas duas últimas legislaturas (2015 e 2019), eles alcançaram seu maior patamar histórico: 89 deputados federais exerceram mandatos, entre titulares, suplentes e suplentes efetivados. Em 2018, ano da eleição de Bolsonaro, 84 evangélicos foram eleitos para a Câmara – um recorde.

Neste ano, o crescimento da extrema-direita retirou votos dos evangélicos, considerada a principal base social do bolsonarismo. Podemos considerar que houve migração do voto deste segmento para as candidaturas mais identificadas com Bolsonaro, independentemente da religião.

O bolsonarismo abarca inúmeras pautas que antes eram prioritárias dos religiosos: combate ao aborto, à “ideologia de gênero”, restrição às drogas e aos jogos de azar, redução da maioridade penal, dentre outras questões morais e comportamentais.

Hoje, o bolsonarismo tomou para si estas pautas, somando a elas questões armamentistas e teorias conspiratórias sobre terraplanismo, liberdade religiosa e globalismo. Bolsonaro assume para si o maniqueísmo cristão: o mal precisa ser combatido, até com armas, se preciso.

O fato, portanto, está confirmado: os evangélicos, estimados em mais de 60 milhões de brasileiros, consolidaram-se como base socioeleitoral do bolsonarismo e do ultraconservadorismo político. Em 2018, o Datafolha apontou que quase 70% estiveram com Bolsonaro.

O Republicanos, partido do vice-presidente Mourão, concentrou os eleitos: 18, sendo 13 da Igreja Universal. Logo atrás vem o PL, partido de Bolsonaro, com 13 eleitos por diversas igrejas, principalmente a Assembleia de Deus, denominação com a maior representação: 21 deputados.

Apenas 2 parlamentares foram eleitos por partidos de esquerda, sendo 1 do PT e 1 do PSOL. Em 2018, foram 8 deputados eleitos por PT, PDT e PSB. A redução da fragmentação da Câmara também se refletiu neste segmento: em 2018, evangélicos se espalhavam por 23 partidos. Hoje, em 15.

A diminuição da bancada evangélica, ao contrário do que se pensa, não é uma demonstração de fraqueza, mas da força deste fenômeno político, mesmo que isto seja um desafio eleitoral para as lideranças evangélicas. Para Bolsonaro, o quadro não poderia ser melhor.

PS: Esqueci completamente da Marina Silva. Então são 3 da esquerda.

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