Eventos climáticos extremos mais que dobram de 2014 a 2023 em relação a 10 anos anteriores

Atualizado em 2 de junho de 2024 às 15:39
Região do Mercado Público de Porto Alegre (RS), no Centro Histórico. Foto: Matheus Piccini/Fotoarena/Estadão Conteúdo

As enchentes em Porto Alegre (RS), causadas pelo transbordamento do lago Guaíba, não são um evento isolado. Segundo um levantamento do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) para a Folha de S.Paulo, os recordes de enchentes e secas foram mais frequentes na última década do que em períodos anteriores.

Entre 2014 e 2023, o número de recordes de enchentes aumentou para 314 casos, em comparação com 182 na década anterior. Os recordes de secas foram ainda mais alarmantes, que atingiu 406 casos – na década anterior, eram 92.

A quantidade de estações de medição permaneceu estável nos últimos 50 anos, segundo Artur Matos, coordenador do Sistema de Alerta Hidrológico do SGB, garantindo a comparabilidade dos dados.

Segundo Matos, as mudanças climáticas estão alterando os padrões de chuva no Brasil, tornando-as mais intensas e prolongando os períodos de estiagem. Além de um maior número de enchentes e de secas.

Os rios Taquari e Caí, no Rio Grande do Sul, registrou três dos maiores recordes de cheia nos últimos dois anos. O estado gaúcho também teve uma seca recorde em 2021.

Em Uruguaiana (RS), o rio Uruguai teve uma de suas seis maiores cheias neste ano. O rio também alcançou dois de seus maiores índices em 2023 e 2017.

A situação se repete em outras regiões do país.

O Rio Amazonas teve sua maior cheia em 2021, com seis das dez maiores cheias registradas na última década. O Rio Branco, no Acre, registrou suas duas maiores cheias em 2023 e 2024. Já o Rio Madeira, em Porto Velho (RO), teve sua pior seca no ano passado, com seis dos maiores recordes de baixa vazão nos últimos dez anos.

Para Matos, os dados confirmam a percepção de uma maior incidência de eventos extremos nos últimos anos e mostra uma tendência de mais secas e cheias. “Os dados apontam uma repetição de situações extremas, tanto de excesso como de falta de água”, analisou.

Chou Sin Chan, especialista em modelagem climática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), destacou que os fenômenos atuais fogem dos modelos climáticos tradicionais. Segundo ela, as mudanças climáticas estão por trás da alteração nos regimes de chuvas

“A gente tem visto que as projeções que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) fez no início dos anos 2000 era bastante conservadora em relação à realidade que estamos vivendo”, disse.

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