A perspectiva de uma possível nova vitória de Donald Trump nas eleições americanas está reavivando as articulações de grupos de extrema-direita em várias nações, incluindo Brasil, Espanha, Argentina, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Hungria, Eslováquia, Áustria e Holanda, destacando o desejo desses grupos de estabelecer uma ofensiva ultraconservadora em escala global, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Neste contexto de uma guerra cultural, o objetivo é restabelecer alianças que possam operar em organizações internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde), visando barrar qualquer progresso nos direitos das mulheres e na ampliação dos direitos humanos para grupos vulneráveis, incluindo a comunidade LGBTQI+.
Espera-se também uma redução nos investimentos em programas de saúde sexual, direitos reprodutivos e iniciativas que promovem o conceito de gênero.
Com a ascensão da extrema-direita na diplomacia dos EUA, esses grupos internacionais buscam reforçar suas posturas, obter apoio em eleições locais, aumentar as restrições à imigração e desacelerar a defesa de pautas relacionadas a minorias.
O colunista também aponta que as reuniões dos movimentos ultraconservadores têm se concentrado em formar uma rede de extrema-direita conectando a Europa, a América Latina e os EUA.
Líderes influentes do movimento americano, como Steve Bannon, já alertaram que os resultados favoráveis à extrema-direita nas eleições europeias podem ser um sinal de que, com a reeleição de Trump, uma mudança significativa na agenda internacional poderá ocorrer. “As placas tectônicas estão se movendo”, declarou Bannon.
Os ultraconservadores americanos também têm um representante no cenário internacional: Richard Grenell, ex-embaixador de Trump na Alemanha. Ele é mencionado como um forte candidato para liderar a diplomacia americana, caso Trump seja reeleito.
Recentemente, Grenell tem se movimentado pela América Central, provocando tumultos na Guatemala e acusando o governo Biden de impulsionar “ideias de esquerda” na região. Além disso, é visto como um articulador na criação de uma rede de líderes ultraconservadores, incluindo o húngaro Viktor Orbán.
A presença de bolsonaristas no cenário internacional foi notada, especialmente em um evento realizado em Buenos Aires, onde grupos de extrema-direita se reuniram no Foro Madrid. No documento final, os participantes manifestaram apoio à candidatura de Trump e alertaram para os riscos de uma vitória de Kamala Harris, que consideraram um “duro golpe” para a região.
Observa-se ainda um crescimento no recrutamento por parte de grupos de ódio nos Estados Unidos. Após declarações infundadas de Trump sobre haitianos em Ohio, sugerindo que estariam se alimentando de animais de estimação, houve um aumento nas ameaças a estrangeiros na região.
Além disso, o grupo neonazista Active Club intensificou suas atividades, alegando que o país está enfrentando uma “invasão” de imigrantes.