Um relatório da Polícia Federal (PF) aponta que Luciano Cavalcante, investigado por integrar um esquema de compra de kits de robótica, deu “apoio operacional” a um casal de Brasília que entregava dinheiro vivo durante passagem por Maceió, capital de Alagoas. Com informações do Estadão.
O ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), emprestou um carro de alto padrão para os operadores do esquema se locomoverem durante cinco dias, em janeiro deste ano.
Cavalcante foi exonerado do gabinete da liderança do PP em 2 de junho, um dia após ser alvo da Operação Hefesto. Ele já havia trabalhado diretamente com Lira. Sua esposa e seu irmão foram empregados por indicação do presidente da Câmara na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
A caminhonete Toyota Hilux usada pelos operadores durante a estadia na capital alagoana está em nome do policial civil Murilo Sergio Juca Nogueira Junior. O agente também é investigado pela PF.
Embora o veículo esteja em nome do policial, o casal devolveu o carro na casa de Cavalcante, ao fim da viagem.
No relatório, a PF afirmou que Luciano Cavalcante e a esposa, Glaucia Maria de Vasconcelos Cavalcante, são “prováveis” beneficiários finais do fluxo de dinheiro originado na Megalic – fornecedora de kits de robótica para municípios alagoanos. A polícia disse que os valores saíam da empresa, eram transferidos a pessoas jurídicas de fachada e “usufruídos por meio da utilização do veículo Hilux e da magnífica casa construída no luxuoso condomínio”.
A Polícia Federal passou meses monitorando o passo a passo dos integrantes do suposto esquema e registrou, em vídeos e fotos, a atuação do grupo em cidades como Brasília, Anápolis (GO), Goiânia e Maceió. Os policiais identificaram que um casal fazia saques em dinheiro vivo e entregava em diversos endereços.
Em uma dessas atuações, Pedro Magno Salomão Dias e Juliana Cristina Batista Salomão Dias foram flagrados chegando à casa de Luciano Cavalcante, em um condomínio de alto padrão em Maceió, para entregar o carro que usaram durante a estadia na capital.
A PF acompanhou a viagem do casal durante toda a estadia em Alagoas. O objetivo, segundo o relatório, era registrar a ida de ambos a bancos da cidade para ver, em seguida, em quais locais eles entregariam os valores. No primeiro dia em Maceió, o casal foi flagrado pelos agentes em três agências bancárias. Lá, sacaram ao menos R$ 115 mil.
“Chama muita atenção o deslocamento de Pedro Magno e Juliana para Maceió-AL para realização de saques em espécie em agências bancárias e, logo em seguida, realizar pagamentos para terceiros”, apontou a polícia.
O relatório da PF registrou que, após sair de uma das agências, Pedro Magno estava com uma bolsa “rechonchuda, bastante volumosa, aparentando possuir vultosa quantia em dinheiro”. O entregador esteve em um edifício empresarial e, segundo a polícia, saiu de lá sem os valores.
“Chama atenção também o apoio operacional fornecido por Glaucia Maria e Luciano durante a estadia em Alagoas de Pedro Magno e Juliana, que têm se mostrado como uma profissão de ‘operadores nacionais’ de uma verdadeira ‘lavandaria’ do grupo criminoso”, destacou.
A PF afirmou ainda no relatório que, após o retorno do casal a Brasília, a Hilux foi usada por Glaucia Cavalcante. Em 31 de janeiro, a polícia flagrou a mulher do ex-assessor do PP ao volante da caminhonete.