Por Daniel Trevisan
Um dos religiosos mais críticos de Edir Macedo se manifestou há pouco sobre a tragédia que se abateu sobre sua família.
Alfredo Paulo foi bispo na Igreja Universal durante muitos anos, braço direito de Edir Macedo em Portugal.
Mas ele se desentendeu com a organização e passou a ser um dos maiores críticos do empresário.
Alfredo chegou a denunciar a uma TV portuguesa um esquema de adoção de crianças no país europeu que poderia se considerado abusivo, para não dizer ilegal.
Crianças pobres eram adotadas por pastores da Igreja sem a aprovação formal dos pais.
Alfredo falava com conhecimento de causa, já que ele e a esposa, Tereza, seguindo diretriz da Universal, adotaram um menino no país.
Na segunda-feira passada, já com 23 anos de idade, o filho adotivo matou a mãe, esposa de Alfredo, com mais de 20 facadas.
O caso repercute muito em Portugal, e Alfredo quebrou o silêncio na manhã deste sábado, ao postar vídeo gravado em que fala sobre a tragédia.
Ele chora, diz que foi casado com Tereza por 32 anos, e não revela a razão do assassinato. “É o que posso falar por enquanto”, afirmou, depois de dizer que perdoou o filho adotivo e tentou visitá-lo na prisão.
“Sei que é isso o que Tereza queria”, declarou.
Segundo notícias publicadas em Portugal, Tereza teria sido morta por reclamar que o filho adotivo não estudava nem trabalhava.
Ele teria então reagido com violência.
Relatos dão conta de que ela tentou se defender, pois havia marcas de faca no braço.
Lucas foi preso sem oferecer resistência.
Empregados da Universal que costumam ocupar posições no púlpito são orientados a fazer vasectomia e adotar crianças.
Foi o que fez Alfredo Paulo. Agora ele sepultará a esposa e terá um filho na prisão, com quem tenta se relacionar.
“Deixei roupa para ele lá”, contou, entre lágrimas contidas.
Alfredo, que tinha o título de bispo na Universal, citou um dos livros mais dramáticos da Bíblia para revelar o que sente.
Jó, ex-juiz, que perdeu todos os filhos e patrimônio, depois de um desafio que Deus lançou a Satanás.
“Tira tudo o que é dele, só não toca na sua vida”, disse Deus a Satanás, segundo relato que deve ter pelo menos 3.500 anos.
Jó ficou com um caco de telha para raspar suas feridas. E a esposa, que não morreu e lhe deu um conselho:
“Amaldiçoa esse Deus e morre”.
Ele não seguiu o conselho. No final, o livro conta que Jó falou diretamente com Deus e acabou recebendo em dobro tudo o que havia perdido, inclusive filhos.
E morreu com 140 anos, “farto de vida”.