O general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, relatou que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados fizeram apelos às Forças Armadas por um golpe de Estado após a vitória de Lula nas eleições de 2022. Além do núcleo do então mandatário, militares da reserva também pediam uma intervenção, segundo oito oficiais-generais da instituição. A informação e da Folha de S.Paulo.
Os relatos eram feitos em conversas pessoas com militares mais próximos de Freire Gomes e o Alto Comando da Força não era informado sobre os pedidos. Segundo pessoas próximas ao general, ele sempre disse a Bolsonaro que o Exército não embarcaria numa tentativa de golpe.
Freire Gomes, Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) e Baptista Junior (ex-comandante da Aeronáutica) foram chamados cerca de dez vezes pelo então presidente para reuniões no Palácio da Alvorada entre novembro e dezembro de 2023, após a vitória de Lula.
Todas as reuniões ocorriam fora da agenda presidencial e os convites eram enviados pelo celular do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens, ou pelo próprio ex-presidente. A primeira conversa ocorreu dois dias depois do segundo turno e as pautas foram o fechamento de rodovias e de acampamentos golpistas.
As pautas dos encontros nem sempre eram informadas previamente e, em alguns casos, Bolsonaro apenas buscava os chefes das Forças para conversar. Parte desses encontros teve a intenção aberta de sugerir um golpe de Estado ou de se buscar formas de reverter o resultado da eleição.
Douglas Knoff, encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, e Melanie Hopkins, do Reino Unido, participaram de reuniões secretas para descobrir a posição da Força no caso de um golpe e manifestaram oposição à ideia. A decisão do Exército de não embarcar numa aventura golpista não foi discutida formalmente em reuniões do Alto Comando, mas surgiu espontaneamente de conversas entre generais.