Ex-consultora que denunciou empresa por esquema de pirâmide vira ré por extorsão

Atualizado em 8 de abril de 2024 às 7:18
Tatiane Aline Marian, ex-representante da DoTerra, que denunciou um suposto esquema de pirâmide praticado pela empresa. Fotomontagem

O juiz da 10ª Vara Criminal de São Paulo, Leonardo Prazeres da Silva acatou a denúncia apresentada pelo Ministério Público e determinou que Tatiane Aline Marian, ex-consultora da empresa multinacional doTerra, seja julgada por extorsão.

Segundo a decisão datada do último dia 27, ela está proibida de mencionar a empresa de óleos essenciais ou o nome de seu representante no Brasil, Paulo Glenn Bangerter, em qualquer plataforma de mídia social.

Conforme revelado por VEJA, Marian foi desligada da doTerra sob a alegação de violação das diretrizes da empresa, que proíbem promessas de cura de doenças por meio de óleos essenciais.

Desde então, ela iniciou uma campanha online, expondo as práticas da empresa e acusando-a de operar como uma “pirâmide”, obrigando as consultoras a fazerem investimentos que não correspondem aos lucros potenciais.

O que começou como uma disputa comercial ganhou grandes proporções devido à ampla divulgação dos conteúdos produzidos por Marian. Segundo a doTerra, as publicações da ex-consultora já alcançaram mais de seis milhões de usuários nas redes sociais. Diante disso, a empresa decidiu denunciá-la à polícia, formalizando um boletim de ocorrência por ameaça, perseguição e extorsão.

Bangerter tentou um acordo com Marian, que sugeriu uma compensação de 250.000 dólares, aproximadamente 1,26 milhão de reais. Essa atitude foi interpretada pela doTerra como um ato de extorsão, opinião compartilhada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, que optaram por denunciá-la ao tribunal após investigações.

A denúncia original incluía também acusações de ameaça contra a empresa, mas o juiz do caso não aceitou essa parte.

O promotor de Justiça responsável pelo caso, Cassio Roberto Conserino, solicitou a prisão preventiva de Marian. No entanto, Silva negou o pedido, argumentando que o objetivo era fazer com que a ré parasse de mencionar a empresa nas redes sociais, e que a prisão não era necessária, pois outras medidas cautelares poderiam ser aplicadas sem prejudicar a acusada.

Marian ainda não foi notificada para se defender. Ela terá um prazo de dez dias para responder à acusação e apresentar testemunhas. Se condenada, ela poderá enfrentar uma pena de quatro a dez anos de prisão, de acordo com a legislação penal brasileira, sendo que apenas penas superiores a oito anos são cumpridas em regime fechado.

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