Ex-dirigentes da Americanas estão em “lista vermelha” da Interpol após fuga do país

Atualizado em 27 de junho de 2024 às 16:02
Anna Christina Ramos Saicali e Miguel Gutierrez. Foto: reprodução

O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, e a ex-executiva Anna Saicali, alvos de mandados de busca e apreensão e prisão preventiva nesta quinta-feira (27), foram incluídos na difusão vermelha da Interpol após serem alvos de mandado de prisão da Polícia Federal. Ambos são investigados pelo desvio de mais de R$ 20 bilhões na Americanas. A difusão vermelha permite que a ordem de prisão de pessoas no exterior seja publicizada, possibilitando que países integrantes da Interpol cumpram os mandados.

O ex-CEO deixou o Brasil após sair do comando da empresa e possui dupla nacionalidade, brasileira e espanhola. Saicali também deixou o país, conforme apurado pela Folha. A assessoria da ex-executiva não se pronunciou, enquanto a defesa do acusado afirmou que “não teve acesso aos autos das medidas cautelares” e, portanto, “não tem o que comentar”. Gutierrez reitera que “jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude” e que tem colaborado com as autoridades.

A investigação da Polícia Federal revelou que o ex-CEO vendeu R$ 158 milhões em ações da empresa após saber que seria substituído e que as irregularidades seriam descobertas. No total, 11 ex-executivos venderam mais de R$ 250 milhões após o aviso de troca de comando.

As ações começaram a ser negociadas a partir de julho de 2022, quando Gutierrez foi informado que Sergio Rial assumiria seu lugar. Esses dados são utilizados pelos investigadores para enquadrar o empresário e outros no crime de uso de informação privilegiada.

Além do ex-CEO da Americanas, Saicali vendeu R$ 57 milhões em ações a partir de julho de 2022. Outros executivos também negociaram ações, incluindo José Timotheo de Barros (R$ 20,2 milhões), Márcio Cruz Meirelles (R$ 5,5 milhões), Carlos Padilha (R$ 987 mil), Murilo Correa (R$ 2,8 milhões), Fabio Abrate (R$ 5,8 milhões), João Guerra (R$ 3,8 milhões), Jean Lessa (R$ 1,1 milhão), Maria Christina Nascimento (R$ 414 mil) e Raoni Lapagesse (R$ 1,2 milhão).

A operação “disclosure”, que contou com cerca de 80 policiais federais, cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-diretores das Americanas no Rio de Janeiro.

A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens e valores desses ex-diretores, somando mais de R$ 500 milhões. A ação tem como base acordos de colaboração premiada de Marcelo Nunes, ex-diretor financeiro da empresa, e Flávia Carneiro, responsável pela Controladoria da B2W.

Os crimes investigados incluem manipulação de mercado, uso de informação privilegiada e associação criminosa, com penas que podem chegar a até 26 anos de reclusão. As medidas da operação foram autorizadas pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

O rombo nas contas da Americanas foi revelado no início de 2023, levando a varejista a um processo de recuperação judicial. Estudos da própria companhia apontaram que as inconsistências contábeis eram fraudes cometidas por ex-funcionários. Em novembro de 2023, a empresa informou à CVM o quarto adiamento da divulgação das demonstrações financeiras de 2022 e da revisão do balanço de 2021, afirmando ter sido “vítima de uma fraude sofisticada e bem arquitetada”.

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