Dados do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República mostram que o advogado e ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros tinha trânsito livre no Palácio do Planalto e seus anexos.
Ailton Gonçalves foi preso na Operação Venire, promovida pela Polícia Federal (PF), sob suspeita de envolvimento em um esquema de falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19, que teria beneficiado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em maio de 2023.
Foi revelada também a troca de áudios entre o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Ailton sobre um plano de golpe de Estado. A transcrição mostra que os dois militares planejaram instalar um golpe militar e prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O GSI detalhou todas as visitas ao Planalto feitas por Barros entre 2019 e 2022. No total, foram 15 dias em Brasília somente para visitas à repartições ligadas à Presidência. Os dados foram obtidos pelo colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação.
Em 6 de janeiro de 2022, o militar fez uma visita ao setor de Ajudância de Ordens da Presidência da República. Vale destacar que, nas investigações sobre as fraudes em comprovantes de vacinação, ele é flagrado conversando com Mauro Cid.
O ex-major também esteve em setores ligadas à agenda, ao cerimonial, à logística e à assessoria de imprensa da vice-presidência. O militar, que já foi chamado de “segundo irmão” por Bolsonaro, também teve sua entrada autorizada para visitar o gabinete de Hamilton Mourão, ex-vice-presidente da República.
O GSI, entretanto, informou que a “autorização para acessar determinado gabinete não significa que a pessoa que adentrou ao ambiente ‘visitou’ ou ‘teve interlocução’ com determinada autoridade”.