Em debate promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello defendeu o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que será julgado nesta quarta-feira (20) pela Corte por ameaçar ministros.
Ao comentar a ação movida contra o bolsonarista, Mello se disse contra a implantação de uma tornozeleira eletrônica nele como medida cautelar, a pedido do ministro Alexandre de Moraes. O magistrado argumentou que o direito à imunidade parlamentar é “algo muito sério”.
“Vejo, no processo crime aludido ao deputado federal, um obstáculo muito sério de desrespeito à imunidade, como, por exemplo, a tornozeleira que lhe foi imposta. Não foi como pena, foi uma medida cautelar a um congressista. É difícil de conceber”, declarou o ex-ministro, que se aposentou do Supremo em julho de 2021.
Marco Aurélio detonou Lula
No mesmo evento, o ex-ministro criticou as declarações do ex-presidente Lula (PT) sobre revogar a reforma trabalhista e sobre a possibilidade de regular os meios de comunicação. Segundo ele, o petista tem uma “visão totalitária”.
“Penso que um candidato que se diz de um partido dos trabalhadores já cogitou uma marcha à ré quanto à reforma implementada. Como também cometeu um ato falho quando disse que nós, da classe média, temos mais do que merecemos. Como também cometeu um ato falho quando cogitou o controle da mídia. Como? Controlar a mídia? Só se quisermos ter no Brasil uma visão totalitária, maior do que a que se diz que pode estar a reinar no cenário hoje em dia”, afirmou.
Ataques de Bolsonaro ao STF são “estilo do presidente”
Marco Aurélio aproveitou para falar sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), por quem demonstrou uma certa simpatia. Ele disse que Bolsonaro “é o nosso presidente” e que cabe aos brasileiros decidir quem deve assumir o Palácio do Planalto nas eleições. “Ele foi diplomado para ser o chefe do Executivo durante quatro anos e precisamos respeitar regras estabelecidas.”
A respeito dos recorrentes ataques do chefe do Executivo ao STF, ele passou um pano. Segundo o magistrado, isso é fruto do “estilo do presidente”. “Parece que gera crises para nadar, e penso que está nadando de braçada, principalmente junto aos eleitores dele”, declarou.