Ex-número 2 da Abin diz que fez “apuração interna” sobre programa espião e compartilhou com a PF

Atualizado em 31 de janeiro de 2024 às 13:15
O ex-número dois da Abin, Alessandro Moretti. Foto: Luiz Silveira/ Agência CNJ

O ex-número dois da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alessandro Moretti afirmou que compartilhou com a Polícia Federal toda a documentação coletada e produzida pelo órgão com o esquema de espionagem ilegal. Ele, que foi demitido do cargo de diretor-adjunto nesta terça (30), ainda afirmou que iniciou uma “apuração interna” para investigar o uso da ferramenta FirstMile.

“Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin”, afirmou Moretti em nota.

A demissão do ex-número dois da agência ocorreu após o presidente Lula dizer que não haveria “clima” para ele permanecer no órgão caso ficasse comprovado que ele favoreceu investigados pela Polícia Federal. A corporação apontou a existência de um possível “conluio” entre os membros da gestão anterior da Abin e os integrantes atuais.

“A preocupação de ‘exposição de documentos’ para segurança das operações de ‘inteligência’, em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin”, diz relatório da PF enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres (esq.) e Alessandro Moretti (dir.) durante evento da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) em 2019. Foto: Sindipesp

Moretti ocupava o cargo desde março de 2023 e já havia atuado como secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal entre 2019 e 2021, na gestão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Marco Cepik, atual diretor da Escola de Inteligência da Abin e homem de confiança do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, será o substituto de Moretti. Também foram dispensados quatro chefes dos departamentos internos da Abin e nomeados sete diretores, que ocuparão as chefias dos departamentos e de outras áreas.

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