Ex-patroa diz que considerava doméstica escravizada da “família”

Atualizado em 2 de maio de 2022 às 20:52
foto de Madalena, que é negra, tem cabelo curto, usa uma tiera e olhar assustado.
Madalena foi escravizada durante 54 anos por família. Foto: Reprodução

Sônia Seixas Leal, ex-patroa de Madalena Santiago da Silva, que foi regatada pela Justiça no ano de 2021 depois de trabalhar em condições análogas a escravidão, disse que não pagava salário à doméstica porque a considerava uma irmã.

De acordo com a auditora fiscal do trabalho Liane Durão, a ex-patroa deu essa justificativa em um depoimento ao Ministério do Trabalho no final de março de 2022.

Durante as mais de cinco décadas em que Madalena prestou serviços sem remuneração à família, ela sofreu maus-tratos e adquiriu dívidas feitas pela própria patroa.

Sindicato critica versão da patroa

Ao g1, o Sindicato das Trabalhadoras Domésticas da Bahia afirmou que narrativas como a de Sônia Leal, que disse considerar Madalena como ‘da família”, se enquadram como crime de assédio moral.

“É uma forma que a pessoa [empregador] usa para poder não garantir os direitos da empregada doméstica. E essa trabalhadora não é da família, ela está vendendo a sua mão de obra para uma pessoa que precisa do serviço”, afirmou Creuza Oliveira, presidente do sindicato.

“Se ela fosse da família, teria direito a herança, teria direito a usar o elevador social, piscina, fazer faculdade e estudar, como a família faz”, acrescenta.

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