EXCLUSIVO: no Egito, Sara Vivacqua, do DCM, se une a grupo internacional que investiga fronteira de Rafah

Atualizado em 11 de novembro de 2023 às 17:40
Sara Vivacqua no Cairo

Há dois dias, recebi uma chamada de uma delegação internacional de advogados, jornalistas e ativistas de vários países que decidiu se reunir em caráter inédito e ir ao Egito investigar as razões militares e políticas que mantêm a passagem de Rafah fechada e pressionar as autoridades para que a fronteira seja aberta.

Sabe-se que caminhões de ajuda médica e humanitária encontram-se agora parados na fronteira sem poder entrar em Gaza, enquanto 20 dos 35 hospitais estão inoperantes devido a bombardeios e racionamento energético imposto por Israel.

As forças de ocupação israelenses intensificaram hoje uma campanha de bombardeios intensos no complexo hospitalar de Al-Shifa, atingindo pessoas enquanto estavam sendo evacuadas. A incubadora com 39 bebês está comprometida e eles podem morrer a qualquer momento.

Por que o Egito, uma autocracia militar, resiste em aparente passividade ao que ocorre em Rafah? Não seria um desafio à sua soberania? Quais são as forças que impedem os corredores humanitários, um padrão em toda situação de guerra?

Nós iremos conversar com autoridades enquanto esperamos autorização para ir à fronteira de Rafah.

O bombardeio desenfreado de Israel matou mais de 11 000 pessoas, entre as quais crianças em hospitais. Milhares de pessoas continuam enterradas sob os escombros e mais de 27 mil estão feridas. Água, alimentos, combustível e suprimentos médicos foram cortados, e apenas alguns caminhões de ajuda conseguiram passar pela passagem de Rafah.

O setor da saúde entrou em colapso total, quer através dos bombardeios israelenses, quer devido à falta de medicamentos e de eletricidade para tratar os pacientes.

Existem centenas de caminhões de ajuda humanitária estacionados no deserto à espera de entrar na passagem de Rafah.

Trinta e quatro brasileiros seguem sem poder sair de Gaza. Israel pode estar boicotando cidadãos de países que cobraram cessar-fogo, como África do Sul e Irlanda, além do Brasil, e liberando nacionais de países aliados, como os EUA.

A fronteira de Rafah, no Egito