João Doria está cercado – e isso não é uma metáfora.
O ex-prefeito de São Paulo, inventado por Geraldo Alckmin e que o traiu na primeira oportunidade, agora se vê isolado e tendo de lidar com uma avalanche de inimigos do mesmo grupo e adversários partidários com um plano comum: tirar dele as chances de se eleger governador de São Paulo neste segundo turno.
O golpe de misericórdia naquele que entre os correligionários é visto como “traidor” e entre os adversários como “mau caráter” está sendo desenhado na tarde desta quinta-feira, dia 11.
Andrea Matarazzo (PSD), Alberto Goldman (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) estão reunidos com interlocutores de Márcio França.
Do encontro sairá um ‘manifesto’ em favor da democracia, contra a usurpação dos ideais da social-democracia por João Doria e em favor da reeleição de Márcio França ao governo do Estado neste segundo turno.
O documento que será apresentado à sociedade nos próximos dias conta com apoio de figuras históricas da política como, por exemplo, o ex-governador Almino Afonso, tradicionalmente avesso a manifestações públicas de apoio ou contrariedade a pessoas ou projetos de poder.
A indignação é o combustível contra o publicitário.
Primeiro com a “traição” imposta a Geraldo, depois a tática desonesta contra os adversários (atacou a família de Skaf na propaganda eleitoral e depois pediu desculpas num debate na TV) e, por fim, a usurpação dos ideais do PSDB para fazer a defesa do fascismo bolsonariano.
O encontro da Executiva Nacional do PSDB, nesta segunda-feira, quando foi chamado de traidor por Geraldo, deu a medida da sua inconveniência.
Ao final, ele pediu uma salva de palmas para Geraldo, que concorreu e não conseguiu chegar ao segundo turno da eleição presidencial.
Num gesto enérgico com o dedo indicador da mão direita, o ex-governador ordenou que todos se mantivessem calados.
Para completar o despudor, na saída do encontro foi à imprensa dizer “que perdoava Geraldo”.
Doria conseguiu isolar-se em menos dois dois anos. A cartada que pode selar para sempre a sua curta passagem pela vida pública está sendo escrita nesse momento.