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Exército faz licitação na qual só a Starlink, de Musk, atende a todas as exigências

Atualizado em 19 de maio de 2024 às 12:57
Bilionário Elon Musk. Foto: Beata Zawrzel/NurPhoto via Getty Images

O Comando Militar da Amazônia, do Exército, abriu uma licitação de R$ 5,1 milhões para a aquisição de internet via satélite. A Starlink, empresa do bilionário Elon Musk, é a única que atende as exigências. Com informações da Folha de S.Paulo.

De acordo com os documentos do Exército, só seriam aceitas as propostas que oferecessem internet via satélite de baixa órbita com uma velocidade mínima de 80 megabits para download, 20 megabits para upload, e uma latência (velocidade de envio de pacotes de dados) não superior a 100 milissegundos.

Embora sete empresas operem satélites de baixa órbita no Brasil, apenas a Starlink atende a todos os critérios na região amazônica. Outras operadoras, como a Hughes Telecomunicações do Brasil – que opera a constelação de satélites OneWeb –, conseguem atingir a velocidade exigida, mas não a latência definida no edital.

A Hughes questionou o Exército sobre a possibilidade de apresentar uma proposta que atingisse a velocidade exigida, mas tivesse latência um pouco maior. O Exército, no entanto, negou a solicitação de abertura da licitação.

“Para o dia a dia de uma empresa ou de um órgão público, a diferença da latência de 100 [milissegundos] para 200 faz pouca ou nenhuma diferença”, disse Fabro Steibel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade. “Faz muita diferença se você é um gamer ou opera na Bolsa de Valores”, acrescentou.

Satélite. Foto: Shutterstock

Segundo Steibel, não faz sentido definir uma latência máxima que elimine a concorrência sem justificar claramente, no edital da licitação, os motivos que estabelecem esses parâmetros.

Em nota, o Exército disse que os parâmetros foram definidos após realizar pesquisas de mercado e verificar as suas necessidades operacionais. Serão 104 pontos de instalação de antenas, sendo 64 em lugares fixos e 40 para uso itinerante.

“O uso da tecnologia de comunicação por meio de satélites de baixa órbita tem se mostrado capaz de atender aos requisitos de conectividade das aplicações militares, em particular, na região amazônica e na faixa de fronteira, tais como aplicações de vídeo para acompanhamento de operações em lugares remotos, telefonia IP, videoconferência, acesso a sistemas corporativos administrativos e operacionais”, afirmou.

A licitação recebeu propostas de 13 empresas, das quais apenas três são revendedoras autorizadas pela Starlink. A Pulsar Brasil, uma das revendedoras, apresentou o menor preço.

As outras dez empresas, apesar de oferecerem soluções de internet, não possuem autorização da Starlink para comercializar seus produtos – licença que custa milhões de reais.

A Anatel informou que empresas autorizadas pela agência para prestar serviços de banda larga devem fechar “contrato de provimento de capacidade com a Exploradora de Satélites autorizada no Brasil”.

A Starlink destaca-se por seu desempenho em velocidade e latência devido à sua constelação de mais de 5 mil satélites orbitando a cerca de 550 km da Terra, em contraste com a OneWeb, que opera cerca de 700 satélites a 1.200 km de altitude, distância que reduz a velocidade de transmissão de dados.