A oposição exige que Dilma mande embora Graça Foster.
Um momento: exige?
Quantos votos a oposição teve? Bastaria que vencesse a eleição para que Graça fosse tirada da Petrobras.
Mas perdeu.
Então, não há o menor sentido em exigir nada.
O que a oposição está querendo, com a contribuição milionária da imprensa, é fingir que os problemas na Petrobras se iniciaram com o PT.
Não adianta o delator Paulo Roberto Costa haver dito que a coisa vem lá de trás, desde que ele se conhece como funcionário da Petrobras, coisa da época de Sarney.
Não adianta também, nas evocações que são feitas hoje a Paulo Francis, recordar que as denúncias dele diziam respeito à Petrobras de FHC.
Mas eram outros tempos, aqueles de Francis.
Quando Francis falava – com sua costumeira leviandade – de corrupção na Petrobras, ninguém conectava a empresa a FHC.
Agora, qualquer coisa ruim na Petrobras é logo vinculada a Dilma, a Lula e ao PT.
É muita cara de pau da oposição exigir a cabeça de Graça antes que se comprove qualquer envolvimento dela com as delinquências.
Pela mesma lógica, Alckmin já deveria ter demitido o presidente do Metrô, indiciado na roubalheira.
Para não falar no conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Robson Marinho, que continuou “fiscalizando” as despesas do governador de São Paulo quando a Suíça já avisara fazia tempo que bloqueara uma conta milionária dele por ter sido abastecida com propinas.
Alguém exigiu de Alckmin que fizesse alguma coisa? Jabor, Dora Kramer, Merval – qualquer um deles fez perorações moralistas sobre tais casos?
Entregar a cabeça de Graça apenas porque a oposição “exige” seria um sinal de extrema fraqueza de Dilma.
Se houver fatos concretos que a desabonem, que se faça o que tiver que ser feito.
Se não, que sejam criadas barreiras para que a Petrobras não seja abjetamente usada por interesses políticos – algo que a rigor acontece desde que ela foi fundada.
Antes de exigir qualquer coisa, a oposição – especificamente o PSDB – deve à sociedade uma explicação sobre a denúncia de que um ex-presidente seu, Sérgio Guerra, teria embolsado 10 milhões de reais em troca de inviabilizar uma CPI.
Dias atrás, vazaram informações de que Aécio teria sofrido pressões da Odebrecht para maneirar no caso Petrobras. Anotações vazadas pela Polícia Federal sugerem que Aécio, sob pressão, teria escalado os senadores Álvaro Dias e Mario Couto para “fazer circo”.
Com tudo isso ainda por ser esclarecido, é Graça quem tem que pagar a conta?
É muito cinismo.
Ou, para usar uma palavra tão usada por Aécio na sua fracassada campanha, muita leviandade.