Existe uma única maneira de pacificar o país: tirar Moro de cena. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 18 de outubro de 2016 às 15:40
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Existe uma única maneira de pacificar o país: tirar Moro de cena.

Moro se transformou no maior foco de divisão do país. Ele simboliza o que há de mais nefasto no Brasil: a justiça parcial. Para usar a grande expressão do cientista e colunista da Folha Rogério Cézar de Cerqueira Leite, não é apenas uma justiça parcial. É absolutamente parcial.

Você pode dizer que já tínhamos — aliás, temos — um exemplar desse tipo de juiz: Gilmar Mendes. Acontece que Gilmar não tem uma fração do poder de Moro. Pertence a um colegiado no qual é uma entre onze vozes.

Moro abusou. Em algum momento se perdeu, e deixou de sequer fingir imparcialidade. Virou uma coisa trágica e cômica. Não à toa, uma sessão de delação feita pelo grupo humorístico Porta dos Fundos viralizou.

O espírito da delação era este. Contra Aécio? Não interessa. Contra Temer? Não interessa. Contra qualquer figura que não seja do PT? Não interessa.

Conta Lula: interessa. Muito.

Moro não poderia jamais ter deixado claro que tinha um lado: o da plutocracia, o dos ricos.

Hoje, ele é o homem mais detestado por quem não seja conservador. Mais que Temer. Mais que Cunha.

Mais que todo mundo.

Ele desagrega, ele desune — coisas péssimas para um país que tem que recuperar seu sentido de unidade e, assim, forjar um consenso para a construção do futuro.

Um país rachado em dois é meio país.

Qualquer projeto de pacificação passa por uma cláusula pétrea: a saída de Moro.